Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

Como entregar qualidade e manter independência terceirizando conteúdo

Por Comunicação. Publicado em 05/02/2021 às 11:54.

Agências associativas como a Rede Aerp de Notícias; agências governamentais e pagas; assim como assessorias de imprensa e agências gratuitas são opções para as emissoras comporem a programação diária.

Por Germano Assad


Montar uma grade de programação é um dos maiores desafios de uma emissora de rádio. São as temáticas, programas, ‘pílulas’ e a proporção entre conteúdo que entretém e informa que definem a identidade do veículo, aliados à plástica sonora, o perfil da audiência, a estratégia comercial e até mesmo a argumentação de venda dos espaços publicitários e novas frentes de negócio.

Como serviço dependente de outorga, com finalidade educativa, cultural e de utilidade pública, a radiodifusão se enquadra no Código Brasileiro de Telecomunicações, que estipula, entre outras regulamentações, a obrigatoriedade de pelo menos 5% de conteúdo jornalístico na programação.

O bom jornalismo, parte essencial e indispensável do meio rádio, é caro e dispendioso. Contratar e manter profissionais com experiência, apurar, checar e produzir material com qualidade e por conta própria é um verdadeiro desafio.

Especialmente para emissoras que não contam com o apoio de um grupo de comunicação, ou de uma cabeça de rede, que alimenta as repetidoras com conteúdo ‘pronto’.

Esta realidade, fruto das transformações da comunicação, seguidas crises econômicas e avanço da tecnologia no setor fizeram com que profissionais da área migrassem cada vez mais para ‘o outro lado do balcão’. Jornalistas profissionais hoje trabalham muito mais como assessores de imprensa e criadores de conteúdo autônomos do que como empregados formais de veículos.

Para se ter ideia, a imprensa radiofônica, em 2004, empregava tão somente 5% dos jornalistas brasileiros. Hoje se estima que o número não passe dos 2%, em relação a outras ofertas de trabalho na área. A conclusão é do estudo Radiojornalismo no Brasil: um jornalismo sem jornalistas, de Francisco Sant’Anna, doutor em ciências da informação e da comunicação pela Universidade de Rennes, na França.

Analisando a realidade de emissoras espalhadas pelo Brasil, o professor Sant’ Anna constatou que 44,8% delas não possuem redatores, 36,9% não contam com editores e 40% do total das pesquisadas não tinha repórter, e nem fazia cobertura alguma.

Solução

“Terceirizar conteúdo não exime nenhuma rádio de responsabilidade pelo que veicula. Portanto, é preciso muita atenção na hora de compor o leque de fornecedores e parceiros a serem utilizados”, aponta a coordenadora de jornalismo da Rede Aerp de Notícias, Juliana Sartori. “É sempre importante conhecer as pessoas por trás da iniciativa, ou da empresa que oferta o conteúdo. Ter acesso a elas, para poder esclarecer uma eventual dúvida, ou entender melhor determinado assunto ou afirmação”, complementa.

As agências que oferecem conteúdo para rádios hoje podem ser divididas em quatro grupos, basicamente: Agências governamentais (AEN, EBC); Agências pagas (Estadão Conteúdo, Associated Press, Reuters); Assessorias de imprensa e Agências gratuitas (RadioWeb, Radio2); Agências Associativas (Rede Aerp, Agert, Acaert).

A grande maioria de emissoras acaba utilizando um mix de conteúdo, proveniente de todos os tipos de agências. Sempre com a tutela, ou ‘curadoria’ de um profissional responsável por separar o ‘joio do trigo’. Isto porque, uma programação alimentada essencialmente com assessoria de imprensa tende a virar um marketplace, verdadeiro espaço de divulgação de fontes, produtos e serviços. E se há excesso de informações oficiais, corre o risco de se tornar mais um canal do governo local.

A estratégia mais segura para oferecer conteúdo relevante para o público, diante do cenário, é viabilizar parcerias, de acordo com a realidade local onde a rádio está inserida. O professor Luiz Artur Ferrareto recomenda que as emissoras de pequeno e médio porte, especialmente do interior, devem caminhar lado a lado com entidades ligadas ao comércio, indústria, cooperativas agrícolas e outras para comunicar o que a audiência espera e entende como relevante. E se diferenciar das demais.

Confira mais informações e detalhes sobre a importância do conteúdo local em reportagem da Revista Sintonize (página 34), publicada em dezembro de 2020: