Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

SÉRIE FÓRUM MUNDIAL DA ÁGUA – Utilizando drones, especialistas do IAPAR buscam maneiras de evitar o desperdício na agricultura irrigada

Por Comunicação. Publicado em 25/04/2017 às 19:32. Atualizado em 18/07/2018 às 18:53.

Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), cerca de 72% da água consumida no Brasil é utilizada na agricultura. E o problema disso é que uma boa parte desses recursos acaba sendo desperdiçada. Não há estatísticas oficiais sobre o tamanho do problema, mas alguns especialistas estimam que o volume gire em torno de 70%. Outros, mais otimistas, enxergam perdas de até 20%. Entretanto, divergências a parte, qualquer desperdício é preocupante, sobretudo em períodos de estiagem.

Pensando em maneiras de gerir melhor esse bem tão precioso, o Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) desenvolveu, com o auxílio de drones, uma maneira de mapear e definir a quantidade necessária de água para a lavoura. Na entrevista especial, o engenheiro agrícola Anderson de Toledo e o técnico em irrigação, Celso Helbel Junior, ambos do IAPAR, contam como as atividades funcionam.

Web Rádio Água – Quando vocês tiveram a ideia de utilizar os drones para medir a quantidade necessária de água nas lavouras?
Anderson de Toledo – O projeto foi uma parceria com uma empresa que desenvolve aeronaves, no caso os drones (aeronaves não-tripuladas) e nós fizemos uma parceria para desenvolver aplicações para a agricultura. E dentre um dos temas que estávamos estudando, seria a parte de estresse hídrico, que está sob a responsabilidade do Celso (Elber Junior) e de outros pesquisadores conduzirem essa parte de estresse hídrico nas culturas.

WRA – Como a utilização dos drones otimizou essa gestão dos recursos hídricos?
Celso Helbel Júnior – Um dos grandes desafios da agricultura irrigada é fazer o manejo dos recursos hídricos, que é saber quanto aplicar de água e quando aplicar água nas lavouras. Buscando uma ferramenta que pudesse ser de fácil uso, um método não destrutivo e com precisão é que a gente resolveu trabalhar nesse campo de pesquisa através da utilização dos drones.

WRA – Como funciona esse mapeamento das lavouras?
Anderson de Toledo – A principio, estamos trabalhando a nível de área experimental, utilizando áreas experimentais do IAPAR. Conduzimos uma safra de soja, todo o ciclo, monitorando em uma média de a cada dez dias um voo com imageamento multiespectral, e também coletas de dados em campo. Então avaliamos a parte de doenças, pragas, plantas daninhas e a parte de estresse hídrico. E coletamos esses dados da forma tradicional em campo, e com o sensoreamento remoto. A ideia é correlacionar essas informações para utilizar o sensoreamento para predizer o que está acontecendo na lavoura.

WRA – Para onde seguem essas informações coletadas pelos drones?Anderson de Toledo – A principio, a ideia é ver primeiro qual é a correlação, de ‘dizer’: “olha, pela imagem adquirida com o sensor que vai embarcado no drone, você dizer que está acontecendo isso ou aquilo”. Identificando isso, pode-se dar subsídios para tomar uma atitude: se vai fazer uma aplicação, se vai fazer uma irrigação ou não… identificar pelos dados coletados nas imagens de que não há necessidade de uma ação no momento. A ideia é que essa correlação, que esse banco de dados, sirva de subsídio para um sistema de auxílio a tomada de decisão e esse é o interesse do nosso parceiro em desenvolver esse sistema.

WRA – Por ser um método relativamente barato e que não polui o meio ambiente, vocês acreditam que essa técnica possa ser replicadaem outros locais do Brasil?
Anderson de Toledo – Isso já tem sido bastante empregado. Hoje temos uma grande quantidade de prestadores de serviço que fazem esse trabalho de imageamento e predição para auxiliar os produtores no manejo de suas lavouras. No que a gente trabalha é em avançar onde ainda não se tem resposta, porque hoje você tem algumas informações básicas que o sensoreamento remoto com drones fornece. E nossa ideia como instituição de pesquisa é avançar em novos campos, em novas áreas que ainda não se tem uma correlação muito certa, muito definida do que está realmente acontecendo na lavoura, com relação ao que foi captado na imagem.