As histórias de feminicídio têm se repetido cada vez mais no Brasil e no Paraná. Segundo o Monitor da Violência, aqui no Estado o índice cresceu quase 29% no ano passado. Acompanhe na reportagem é de Amanda Yargas.
O Paraná está acima da média nacional no número de feminicídios, proporcionalmente a quantidade de mulheres. Por aqui foram 89 casos em 2019, o que corresponde a 1,5 por 100mil habitantes do sexo feminino. A taxa do país é de 1,2 por 100 mil mulheres. Os dados são do Monitor da Violência. O levantamento também da conta de que houve uma diminuição recorde no número de homicídios contra mulher no Brasil. A redução foi de 14% em relação a 2018. Apesar disso, houve um aumento de 7,3% nos casos de feminicídio. Uma mulher pode sofrer um assalto ou estar envolvida em atividades ilícitas, por exemplo, e isso levar a sua morte. Mas para o crime se enquadrar como feminicídio devem ficar comprovados dois fatores: o primeiro, que a mulher morreu em razão da condição do seu sexo e o segundo, que a morte tenha ocorrido em decorrência de violência doméstica ou familiar. A juíza Zilda Romero do juizado da Violência Doméstica e Familiar contra Mulher de Londrina, explica que o aumento acontece também por uma maior conscientização.
Segundo os dados oficiais, uma mulher é morta, vítima de feminicídio, a cada 7 horas no Brasil. E a cada 11 minutos um mulher é estuprada. Vários estudos apontam que as sobreviventes não denunciam seus agressores por terem medo de represálias, já que eles são companheiros ou parentes, por temerem ser desacreditadas ou por dependência financeira do agressor. Com isso, as autoridades não tem dados a respeito de muitos destes crimes, o que é conhecido como subnotificação. Estas barreiras também tornam difícil às mulheres vítimas de violência romperem relacionamentos abusivos, como explica a juíza.
No entanto, nos últimos anos, vários movimentos incentivaram mulheres vítimas de violência a denunciarem seus agressores e assediadores, como o Nenhuma a menos e o Me Too. Mas para mudar este quadro, não basta apenas empoderar mulheres. É preciso também conscientizar os homens a ter respeito a liberdade e autonomia delas. A juíza Zilda Romero conta que os agressores precisam passar por uma reeducação emocional.
As histórias dos homens agressores atendidos pelos grupos de ressocialização da comarca de Londrina foram contadas em um livro. Muitos deles agradecem a Justiça por terem aprendido uma nova forma de se relacionar. Para a juíza, o entendimento da gravidade desta situação precisa alcançar a sociedade como um todo.
O Monitor da Violência é uma parceria entre o portal G1, o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O levantamento tem como objetivo discutir a questão da violência no país e apontar caminhos para combatê-la. Desde 2018, o monitor lança os dados sobre a violência contra a mulher na semana do 8 de março.
Repórter Amanda Yargas