Na avaliação do sócio e diretor institucional da XP, Rafael Furlanetti, a preocupação dos empresários deve estar voltada aos clientes e colaboradores. “A prioridade, agora, é cuidar da saúde dos colaboradores e dos clientes, respeitando as orientações dos especialistas. É de extrema importância uma boa comunicação com o time para mantê-lo motivado e atualizado do momento da empresa”,
Em entrevista exclusiva para o portal da Aerp, Furlanetti falou sobre os desafio e aprendizados do momento e sua preocupação com a economia do Brasil. Confira.
Como avalia o momento que estamos vivendo? É possível identificar aprendizados e oportunidades?
Rafael Furlanetti – Este é, sem dúvida, um momento de grande desafio e que dividirá o mundo em pré e pós-coronavírus. Acredito que esse novo mundo será muito mais digital e, paradoxalmente, mais humano. As pessoas estão reaprendo o real significado da vida, que é estar próximo das pessoas (mesmo que virtualmente), valorizando as relações familiares e interpessoais.
Qual a sua avaliação em relação a economia? Vamos conseguir virar a página?
Rafael Furlanetti – Vejo a economia com uma série de desafios e, também, oportunidades. O mundo está dando remédio para o paciente chamado economia e a reação desse ainda não é clara. Houve uma injeção de liquidez por parte dos Bancos Centrais e de uma forma muito rápida, o que é bom. O resultado, no entanto, ainda não se pode medir dado o curto espaço de tempo. Para se ter uma ideia, a quantidade de dinheiro colocada na economia americana foi quase quatro vezes maior do que na crise de 2008. Resta-nos esperar, portanto, a reação desse paciente.
No caso do Brasil, o mercado está muito atento ao crescimento da dívida, que poderá chegar a 95% do PIB até o final do ano, o que se compreende. O grande receio, porém, é que o Brasil aproveite esse momento de benevolência fiscal para voltar a aumentar o gasto público de forma permanente. Caso isso aconteça, é possível que vejamos um movimento de volta dos juros altos e inflação.
Em uma recente entrevista, o fundador da XP disse que ela segue crescendo no mesmo ritmo. Esse crescimento continua?
Rafael Furlanetti – A XP segue crescendo e se adaptando ao momento. Hoje, mais de 90% dos nossos colaboradores estão trabalhando de suas casas, e tivemos que reinventar a maneira de estarmos mais próximos dos nossos clientes, seja por meio de eventos de lives com conteúdo pertinente à crise, seja por meio de reuniões virtuais para atendermos as demandas individuais. Inclusive, isso nos fez refletir sobre a necessidade de a empresa estar em um só lugar. Temos mais de 20.000 m² de escritórios em São Paulo e tínhamos um plano de chegar a 40.000 m² nos próximos anos. Será que faz sentido continuarmos no mesmo modelo? Essa é uma reflexão diária entre as lideranças da empresa.
Neste momento, os empresários estão fragilizados, que dicas você dá para eles?
Rafael Furlanetti – Os empresários devem sempre pensar no melhor e se preparar para o pior. A prioridade é cuidar da saúde dos colaboradores e dos clientes, respeitando as orientações dos especialistas. Lembre-se: é de extrema importância uma boa comunicação com o time para mantê-lo motivado e atualizado sobre o momento da empresa. Outro ponto de atenção é o cuidado com o caixa, desde que se isso seja feito com ética e franqueza na relação com fornecedores e clientes. Precisamos lembrar que existirá um mundo pós-coronavírus: como queremos ser lembrados?