O mundo vive hoje um momento delicado na economia. Diversos setores estão sendo colocados em prova, principalmente no Brasil. Desde março o país vive um período de isolamento que afeta grande parte dos setores. Áreas como o turismo, comércio em geral, serviços, gastronomia, passam por um processo de reinvenção. Especialistas apontam que a situação financeira e os impactos serão avaliados conforme o tempo de isolamento.
Há estimativa do Banco Mundial de que a queda do Produto Interno Bruto (PIB), será de 5% neste ano. Se a previsão for confirmada, será a maior retração desde 1962, quando teve início a série histórica disponibilizada pela instituição. A retração seria maior até do que a de 1981, a pior da série, quando o PIB brasileiro teve queda de 4,39%.
Muitos analistas afirmam que a crise causada pela pandemia do coronavírus será comparável ou pior que a Grande Depressão, dos anos 1930. Para Nilson Leis, mestre em economia, o impacto na economia será muito maior agora no período em que vivemos. “Precisamos compreender que a economia em 1930 era menos complexa do que a nossa economia nacional atual. Em 1930 a economia ainda era muito concentrada no café e havia uma semi-industrialização. Hoje o impacto da crise será muito maior, com uma economia mais robusta e complexa”, explica.
Quando o período de isolamento social passar, o retorno dos serviços e do consumo será gradual, o que deve impactar na recuperação da economia. Christian Frederico da Cunha Bundt, mestre em administração e professor de direção de finanças explica que a recuperação deve ser lenta para o setor de serviços, gradual para o comércio e rápida para o setor agropecuário. “Na cadeia da proteína animal brasileira temos uma das melhores integrações entre campo e indústria, com ligações umbilicais, desde crédito até assistência técnica. Isso torna a cadeia forte, resiliente, o que permitiu que se estruturasse a capacidade de exportação que o Brasil tem hoje, dando-lhe uma das melhores posições nas exportações mundiais de carne (frango, bovinos, suínos e outros)”, afirma.
Já Nilson Leis salienta que a agropecuária tem ido bem, fornece alimentos, o básico de uma sociedade, mas ela sozinha não tem capacidade de salvar a economia. “É necessário que haja uma reversão de outros setores. O quadro geral é de recessão da economia, então, a agroeconomia sozinha só atenua na reversão desse quadro. O quadro geral volta a se erguer na medida em que se retorne às atividades e eu acho que haverá um crescimento, mesmo que com queda de vendas e de atividades, uma parte disso vai ser recuperada rapidamente ao final do processo”, conclui.
O perfil do consumidor também deve mudar, de acordo com os especialistas as pessoas não vão voltar a consumir como antes, pelo menos não imediatamente. Muitos estão se dando conta que é necessária a manutenção de reservas, mas isso se ajustará com o tempo.
Por Grasiani Jacomini