Com o movimento de retomada gradual das atividades econômicas no mundo é indispensável a discussão sobre como se dará a volta do trabalho presencial. Uma vez que o contexto corporativo sofreu profundas mudanças repentinas, como a implantação geral do home office, levantam-se dúvidas sobre quais serão os desafios e as novas responsabilidades das empresas nesta readaptação. Ruy Shiozawa, CEO da Great Place to Work, em entrevista para a revista Forbes, afirmou que o sentimento é de euforia, mas é preciso haver uma volta cautelosa.
O executivo enfatiza outro efeito da pandemia no processo de retomada, que tem sido chamado de “any time, any where” (a qualquer hora em qualquer lugar), ou seja, modelos que permitem que os colaboradores trabalhem de forma muito mais flexível. “Tenho visto vários presidentes dizendo que, ao invés de manter um grande escritório central, pensam em administrar escritórios menores e descentralizados para ficarem mais próximos dos colaboradores, que estavam vivenciando o trabalho sem deslocamento e perceberam o impacto na qualidade de vida”, diz Shiozawa. Além disso, ele revela que a tendência é que nas próprias moradias exista mais espaço para um escritório.
Mudança nos espaços
As mesas personalizadas, com porta-retrato, bonecos e plantinhas, estão com os dias contados. No escritório do futuro, no pós-pandemia, não há espaço para acumulação nem para objetos amontoados. Os mobiliários, separados por acrílicos, serão compartilhados e terão espaço apenas para o computador, na maioria laptops. Objetos pessoais, como bolsas e até material de escritório usado no dia a dia, ficarão armazenados em lockers (armários com cadeado), instalados em espaços distantes da área de trabalho.
Alexandre Iwankio, CEO da Iwankio Consulting, reforça que um retorno seguro às atividades presenciais depende de todos na empresa em igual medida, desde os operadores até a direção, passando também por fornecedores, prestadores de serviço e clientes. “Todos juntos, de forma colaborativa e responsável, venceremos essa crise e sairemos fortalecidos como pessoas, organizações e sociedade”.
Alexandre elencou seis pontos importantes que as empresas terão que se organizar e adaptar para garantir a segurança aos seus colaboradores:
1 – Avalie com cuidado quem deve retornar ao trabalho nas instalações da empresa. Mantenha profissionais do grupo de risco em casa, assim como os que podem continuar executando suas atividades à distância, em regime de Home Office;
2 – Para as equipes que necessitarem retornar ao espaço físico da empresa, procure criar escalas de trabalho com horários flexíveis, reduzindo a quantidade de pessoas na empresa ao mesmo tempo. Da mesma forma, flexibilize também os horários de intervalos e de refeições, reduzindo o fluxo de pessoas nas áreas de convivência;
3 – Adapte o layout dos espaços de trabalho, criando ambientes livres de covid-19 desde a entrada da empresa. Sempre importante evitar aglomerações e manter o distanciamento mínimo recomendado. Por isso, controlar o fluxo de pessoas, espaçar as estações de trabalho e colocar barreiras físicas entre elas quando não for possível ampliar o espaçamento vai auxiliar na redução de contato entre as pessoas;
4 – Foco na limpeza. Higienizar constantemente o ambiente, as superfícies, equipamentos e utensílios. Cuidado também com a manutenção dos equipamentos de ar-condicionado, renovando o ar frequentemente com a priorização das janelas abertas;
5 – Reforçar a todos a importância em seguir os protocolos recomendados pelas autoridades, com quadros de aviso de fácil visualização e compreensão, além de disponibilizar EPIs (Equipamentos de Proteção Individuais) como luvas, máscaras, álcool em gel em diferentes pontos para a proteção individual de todos. É importante que os colaboradores utilizem os equipamentos de proteção todo o tempo em que estiverem na empresa.
6 – Cuidado constante com as pessoas. Meça a temperatura de todos no momento de entrar na empresa, oriente os líderes de área sobre seu papel no cumprimento dos procedimentos e atenção à equipe. A qualquer sinal de sintomas da COVID-19, orientar que o colaborador deve procurar imediatamente um médico, além de promover apoio a esse colaborador e à sua família.