Por Marinna Protasiewytch
A tecnologia é sinônimo de convergência e as emissoras têm em mente que é preciso utilizá-la em conjunto para gerar bons resultados. “Todos nós, seja o rádio ou a televisão já colocamos a tecnologia a serviço do nosso telespectador/ouvinte e também no nosso modelo de negócio” afirma Paulo Tonet Camargo, presidente da Abert (Associação Brasileiras das Emissoras de Rádio e Televisão).
A próxima grande mudança que deve ser acompanhada pelo público e emissoras foi aprovada pelo governo. A Portaria Interministerial nº 40/2020 publicada no fim de julho determina a implantação do sistema DTV play, considerada a última inovação tecnológica de transmissão para os televisores, por meio da alteração do PPB (Processo Produtivo Básico) para smart TVs com tela de cristal líquido produzidos em zona nacional.
“O DTV Play vai permitir novas formas de integração da TV aberta com a internet, será possível receber automaticamente conteúdos direcionados para o perfil do telespectador” conta Luiz Fausto, coordenador do módulo técnico do Fórum SBTVD. A partir de 2021, todas as smart TVs deverão contar com este novo dispositivo. A expectativa é de que no próximo ano, 30% dos televisores tenham o Perfil D do Ginga (DTV Play) embarcados. Até 2023, a perspectiva é que 90% tenham a tecnologia.
Presidente da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão, Carlos Fini, também ratifica a importância de continuar evoluindo. “A tecnologia tem evoluído rapidamente e a passos largos, especialmente a voltada para a mídia. E em um ritmo bem acelerado têm aparecido ferramentas novas para lidar com conteúdo, qualidade, direitos e etc” diz Fini.
Como vai funcionar o DTV play?
De forma prática, os aparelhos televisivos que tiverem o DTV play vão poder fornecer ao usuário uma integração entre TV pela internet e TV on air. “Será possível comutar de forma simples entre conteúdo transmitido pelo ar e conteúdo transmitido pela internet. Por exemplo, para continuar assistindo pela internet o próximo capítulo de um programa após sua exibição pelo ar, ou sendo avisado do início de um jogo de futebol ao vivo pelo ar, quando se está assistindo um conteúdo sob demanda pela internet” exemplifica Luiz Fausto.
Carlos Fini vai além e complementa que a nova era da TV 2.5, como vem sendo chamada a revolução com a utilização da DTV play, vai trazer tanto ao usuário quanto as emissoras uma compreensão de conteúdo e de consumo de forma diferenciada. “Se você tiver receptor com o DTV play vai poder ter aplicações interativas, vídeos em resoluções superiores ao oferecido no ar e inclusive conteúdo on demand” conta Fini.
Quais os benefícios para as emissoras de TV?
Uma nova gama de oportunidade de negócios vai surgir com a implantação desta tecnologia. Para Luiz Fausto, deve haver o aumento do portfólio de publicidade e a aplicação cada vez mais afunilada do targeted advertising. Para o coordenador do módulo técnico do Fórum SBTVD é possível trazer uma experiência diferenciada para o público “seja implementando modelos de comércio eletrônico pela TV, seja fornecendo conteúdo premium sob demanda para assinantes”, afirma Fausto.
E as aplicações já podem começar a ser testadas desde já, para que as emissoras estejam preparadas para quando os telespectadores estiverem prontos para receber estas novas maneiras de se comunicar. “Podem haver várias aplicações desta ferramenta, desde conteúdos alternativos até complementares” conta Fini, que ainda destaca as possibilidades que podem ser empregadas. Por exemplo, durante a transmissão de um filme com temática nordestina, a televisão pode oferecer outros conteúdos relacionados ao local ou até produções extras daquele filme ou da região.