Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

Falta de remédio pode deixar Brasil sem transplante de medula óssea indefinidamente

Por Jornalismo. Publicado em 27/01/2021 às 16:47.

Medicamento usado em pacientes antes de transplante de medula pode não ser mais comercializado no Brasil. Médicos do Paraná alertam para o risco

Todo mundo já ouvir falar do drama que é a espera por um doador compatível, que possa trazer saúde e tranquilidade para o paciente que aguarda na fila de transplantes e também para a sua família. Uma espera que muitas vezes se estende por anos. Imagine receber a notícia de que finalmente foi encontrado o doador, mas que o transplante não pode ser feito porque não há um medicamento necessário para o procedimento. Essa pode ser a realidade no Brasil, já que o bussulfano, remédio que prepara pacientes para transplante de medula óssea (TMO) e também é usado para tratamento de algumas doenças raras pode não estar mais disponível em breve. 

Para se ter uma ideia, em 2019 foram realizados 4.339 transplantes de medula óssea no país, incluindo 534 crianças. O Paraná é referência nesse tipo de procedimento e cerca de 11 e meio % dos transplantes de medula infantis foram realizados pelo Hospital Pequeno Príncipe.

Uma delas foi Maria Eduarda Fransozi, de 13 anos. Ela fez um apelo nas redes sociais para chamar atenção para o problema. 

SONORA

 A oncologista Carmem Bonfim, que chefia este serviço no Pequeno Príncipe e é diretora da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO), explica que desde novembro, quando a farmacêutica Pierre Fabre anunciou que ia parar a distribuição do medicamento no Brasil, várias entidades têm trabalhado para reverter a situação. 

SONORA

Em nota enviada à SBTMO, a Pierre Fabre informou que a licença do medicamento é de outra empresa, a japonesa Otsuka, que contrata a produção de um terceiro e que seria esse local, aprovado pela Anvisa, que estaria encerrando as atividades. A empresa francesa informou ainda que “existem vários fabricantes de bussulfano ao redor do mundo, muitos deles com filiais no Brasil, que poderiam solicitar um registro à Anvisa e, com isso, abastecer o mercado brasileiro continuadamente”.

Já a Anvisa disse que não possui nenhum instrumento legal que impeça os laboratórios farmacêuticos de retirarem seus medicamentos do mercado. Mas que está analisando o pedido de importação em caráter excepcional feito pela Pierre Fabre para atender o mercado brasileiro por um período extra de um ano, até junho de 2022. A agência também informou que pediu a empresa para verificar a possibilidade de normalização do abastecimento no Brasil. No entanto, a diretora afirma que todas estas medidas ainda não estão confirmadas. 

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Amanda Yargas