Interação humanizada e viés democrático garantem confiabilidade e caráter colaborativo do meio.
Por Germano Assad
A produção de dados e o consumo de informação aumentam exponencialmente, ano a ano, no mundo inteiro, graças às novas tecnologias e a convergência, aliadas a hiperconectividade.
Por meio da coleta e tratamento do que se convencionou chamar de bigdata, dispositivos eletrônicos e plataformas digitais cada vez mais presentes e indispensáveis para a rotina profissional e entretenimento notificam, informam, divulgam e oferecem produtos e serviços o tempo todo.
“Dados, até pouco tempo, eram considerados o ‘novo petróleo’, uma descoberta. Hoje são a nossa realidade. Estão em toda a parte e são o que nos direcionam a cada tomada de decisão, seja para uma questão estratégica na seara corporativa, empresarial, ou para a mais simples questão do dia a dia, como a escolha da melhor rota no GPS, alimentado por dados”, afirma o diretor de comunicação e marketing da Tecnobank, Cristiano Caporici.
Estudo não tão recente (How much Information, 2009), realizado pela Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos, mostrou que, à época, as pessoas já passavam quase 12 horas por dia consumindo informação – e liam ou ouviam em média mais de 100 mil palavras por dia, o equivalente a uma bíblia por semana.
Uma década após a divulgação do estudo de Berkeley, o IDC (International Data Corporation), centro de pesquisas e inteligência de atuação global, estimou que esta produção de dados tem sido dobrada, praticamente, a cada dois anos, desde então. Em outras palavras: acumulamos e trocamos, atualmente, mais de 500 quatrilhões de informações somente no universo digital. O equivalente a 350 zettabytes de dados, ou 35 trilhões de gigabytes.
Convergência humanizada
Para Cristiano Caporici, ninguém precisa converter zettas em gigas para entender, afinal, que seres humanos geram muito mais dados do que a tecnologia é capaz de comportar. Entretanto, a comunicação eficiente “é aquela que tem unidade e é muito facilmente compreendida”, defende.
Um pressuposto da radiodifusão, cuidado ‘natural’ no meio, que goza do maior índice de confiabilidade entre consumidores de notícias quando comparado a todos os outros formatos de mídia existentes no mercado americano (pesquisa MRI-Simmons).
“O rádio é humano e democrático, conversa com absolutamente todos os públicos, está conectado no carro de luxo, no radinho da obra, no carro de aplicativo, na copa daquela empresa sofisticada, no celular dentro transporte coletivo. Isso possibilita coletar e contrapor muitos pontos de vista, já que o meio é extremamente interativo. O rádio tem esse papel social de prestação de serviço e de dar voz à sociedade que é absolutamente enriquecedora e necessária para nosso desenvolvimento social”.
O especialista listou dez ‘pilares’ de comunicação que geram resultados consistentes, em meio ao mar de desinformação criado pelo mau uso de dados, seja por má fé ou inabilidade.
Para ele, nada é mais importante do que a equipe, as pessoas, especialmente na realidade da radiodifusão. Em seguida aos recursos humanos, elencou a necessidade de atenção às novidades e o ‘tom de voz’ das empresas como os três pilares fundamentais para o setor.
“Uma comunicação humanizada, feita por e para pessoas vai de encontro a uma necessidade fundamental para o meio, que é digitalizar sem desumanizar. É a essência, o DNA da rádio, e, portanto, o mais importante dos pilares”.
Caporici afirma que por vezes emissoras se aventuram em más experiências justamente por não conseguirem manter o mesmo nível de interação humana em outros canais ou plataformas. “Foco é o rei do processo estratégico, não é porque a emissora tal está no Instagram e no Facebook que a sua também precisa estar. Se a sua marca não tem ‘fit cultural’ com o Tik Tok, qual a necessidade de abrir um novo canal por lá, apenas ‘para constar’?”, indaga.
O jornalista diz que uma equipe conhecedora do perfil da emissora, e em sintonia com a audiência, estará automaticamente atenta às novidades, já que a troca se dá constantemente entre as partes. Mas não exime os profissionais envolvidos do que chama de ‘lifelong learning’, ou aprendizado contínuo. “Todo bom comunicador deve reservar parte do seu dia para estudar, e não deixar que as novidades o ultrapassem”, sugere.
Por fim, explica o que entende como ‘tom de voz’. “Não diz respeito ao volume, mas ao tom de voz da unidade. O ouvinte precisa perceber uma linguagem equilibrada quando sintoniza a emissora, uma identidade, um ‘manual de redação’, independente do horário ou programa. Além disso, trata-se também de conversar com os ouvintes da mesma maneira que se conversa internamente com os colaboradores, ser acessível e coerente, agir de acordo com os próprios valores e identidade”
Este alinhamento, segundo Caporici, é o terceiro pilar fundamental para uma comunicação bem sucedida, que garante engajamento e, consequente, fidelização não só de ouvintes como anunciantes e demais stakeholders da emissora.