Operação contra sonegação fiscal descobre esquema bilionário na comercialização de café no PR e mais 3 estados.
Mais de 710 policiais civis, auditores das receitas e peritos cumprem nesta terça-feira 220 mandados judiciais, sendo 35 de prisão temporária, 124 de busca e apreensão e 61 de sequestro de bens, nos estados do Paraná, Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo. A operação Expresso mira envolvidos em um esquema bilionário de sonegação fiscal no ramo de comercialização de café em grão, bem como crimes de falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e associação criminosa. A força-tarefa responsável pela operação é coordenada pela Polícia Civil do Paraná, por meio da Divisão Estadual de Combate à Corrupção.
Levantamentos iniciais apontam que os valores devidos aos cofres públicos podem ultrapassar R$ 1 bilhão em impostos estaduais e federais, multas e correção monetária. Só no Paraná, os valores devidos podem chegar em R$ 200 milhões.
Os alvos da operação são pessoas físicas e empresas. Entre estes, grandes atacadistas e corretores de café em grãos do Paraná, além de transportadores, proprietários e representantes de torrefações paranaenses conhecidas no ramo cafeeiro nacional.
Os mandados judiciais estão sendo cumpridos em 39 municípios brasileiros. No Paraná, a força policial atua nesta terça-feira em Londrina, Carlópolis, Cornélio Procópio, Ibaiti, Jandaia do Sul, Mandaguari, Maringá, Matinhos, Pérola, Rolândia e Santo Antônio da Platina.
De acordo com a força-tarefa, atacadistas e corretores de café de Londrina e região possibilitavam a diversas torrefações do Paraná a aquisição do café em grão cru de duas formas. A primeira, destinando o produto com créditos fraudulentos de ICMS a partir de notas fiscais falsas; a segunda, na aquisição do café em operações fraudulentas (também do Paraná), em que o recolhimento dos tributos não era feito.
Nos dois casos, a mercadoria vinha de Minas Gerais e do Espírito Santo, era comercializada por cooperativas e produtores rurais desses estados, com notas fiscais destinadas a empresas de fachada, as chamadas “noteiras”, também localizadas em Minas Gerais e no Espírito Santo.
Nos dois tipos de aquisição irregular do café em grão cru, os destinatários do Paraná se beneficiavam com o crédito de milhões de reais em ICMS de operações interestaduais fraudulentas que nunca foram pagos. As investigações apontam ainda que, por diversas vezes, o produto adquirido por meio de notas fiscais falsas de São Paulo era destinado a empresas de café solúvel de Londrina e de Cornélio Procópio.
Segundo cálculos da Polícia Civil, o valor desviado dos cofres públicos poderia ser usado para comprar mais de 17 milhões e 240 mil doses de vacinas contra a Covid19, ou implantar mais de 5.540 novos leitos de unidades de terapia intensiva em hospitais.