Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

Morte controversa em confronto com polícia acirra discussões sobre Direitos Humanos no PR

Por Jornalismo. Publicado em 03/12/2021 às 18:53.

Comunidade da Ocupação Nova Esperança em Campo Magro está assustada com atuação da Polícia Militar e Conselho de Direitos Humanos pede mudanças na corporação, após confronto com morte.

por Amanda Yargas

 

O Conselho Permanente de Direitos Humanos do Paraná (COPED) ouviu depoimentos e deu apoio a moradores da Ocupação Nova Esperança, em Campo Magro, Região Metropolitana de Curitiba, nesta sexta-feira. A vista acontece depois que uma ação da Polícia Militar, na última terça-feira, resultou na morte de um rapaz de 24 anos.

Relatos de vizinhos e outros membros da comunidade contam que a companheira do homem morto, que tem 15 anos e está grávida, foi levada pelos policiais sem que fosse informado para onde ou o porquê, causando pânico. Segundo o Conselho de Direitos Humanos a jovem disse que foi torturada.

O Movimento Popular por Moradia, que organiza a ocupação, disse que a PM usou balas de borracha e bombas de efeito moral contra os moradores, que não puderam se aproximar do local da execução, e também impediu advogados voluntários de obterem informações a respeito do que aconteceu.

O Conselho de Direitos Humanos encaminhou ao Ministério Público pedido de proteção da adolescente. O Coped também solicitou situações semelhantes não sejam mais investigadas pela própria PM e sim pela Polícia Civil e pelo Gaeco. O Conselho também deve solicitar ao governo estadual a instalação de câmeras nos uniformes dos policiais. Segundo Marcel Jeronymo, presidente do conselho, a expectativa é que haja uma mudança na postura da polícia.

SONORA

O Conselho Permanente de Direitos Humanos do Paraná é um órgão colegiado da Secretaria da Justiça que formula e a fiscaliza as políticas públicas de proteção dos direitos humanos e da cidadania no estado e encaminha denúncias de irregularidades. O grupo é composto por representantes da sociedade civil e de órgãos governamentais dos três poderes.

Em nota, a Polícia Militar disse que a ação ocorreu devido a informação de que o homem tinha armas de fogo com as quais ameaçava rotineiramente moradores da região. O Boletim de ocorrência registra que o homem atirou contra os policiais e que isso provocou o confronto. Os agentes relatam ainda que a adolescente foi levada como testemunha e que moradores tentaram furar o isolamento do local e agredir os policiais atirando pedras e por isso foi utilizado meios não letais para conter a população.  A PM disse ainda que foram apreendidos no local uma pistola, munições, drogas, dinheiro em espécie, uma máquina de contar dinheiro e duas balaclavas.