No país, cerca de 26% das crianças não receberam vacinas, no ano passado, em comparação com 13% em 2018; em todo o mundo, 18 milhões de menores não receberam uma única dose das vacinas básicas em 2019, diz OMS.
Por Fernanda Nardo
A pandemia foi o motor do maior retrocesso nas vacinações registrado em três décadas, no mundo. No ano passado, a cobertura global de imunização continuou a cair atingindo 25 milhões de crianças que não receberam vacinas essenciais. Desde 2019, a proporção de crianças que completaram as três doses contra difteria, tétano e coqueluche, em todo o globo, caiu cinco pontos, para 81%. As taxas de imunização contra o sarampo estão no mesmo nível, e se ligam a uma queda significativa na cobertura da poliomielite. O mínimo necessário é uma taxa de cobertura vacinal de 94% para a imunidade do rebanho, para que seja interrompida a cadeia de transmissão de uma doença. Dos países de língua portuguesa, Angola e Brasil aparecem na lista dos 10 países mais afetados pela situação concentrando mais de 60% do total de perdas de imunização. No Brasil, cerca de 26% das crianças não receberam vacinas, no ano passado, em comparação com 13% em 2018. Em todo o mundo, subiu de 13 milhões para 18 milhões o número de menores que não receberam uma única dose das vacinas básicas em 2019. Moçambique, ao lado do Mianmar, destaca-se entre nações com aumento relativo no número de crianças sem uma dose sequer no biênio analisado. A Organização Mundial da Saúde, OMS, e o Fundo da ONU para a Infância, Unicef, apontam que a Covid-19 foi um dos principais fatores e desviou a atenção e o investimento na imunização. Os dados refletem a maior queda de vacinações infantis ocorrida em aproximadamente 30 anos, segundo a OMS.