O estudo relata a ocorrência de rochas idênticas às naturais mas compostas por plástico
Por Flávia Consoli
Um estudo realizado em área de proteção ambiental demonstra como o plástico está se integrando ao ciclo geológico no ambiente costeiro e marinho. Um artigo publicado por cientistas da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e de outras instituições brasileiras, no periódico Marine Pollution Bulletin (da plataforma Elsevier), mostra novos dados que comprovam que o homem está atuando como agente geológico e ocasionando a geração de novas rochas, a partir da poluição marinha. O estudo relata a ocorrência de rochas idênticas às naturais, mas compostas por plástico no Parcel das Tartarugas, região da Ilha da Trindade – ilha vulcânica localizada a 1.140 quilômetros de Vitória (Espírito Santo) e administrada pela Marinha do Brasil. As rochas constituídas por plástico foram identificadas próximo à maior região de ninhos da tartaruga-verde e de recifes do Brasil. A descoberta de Fernanda Avelar Santos, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Geologia da UFPR, aconteceu durante atividades de mapeamento geológico na Ilha. Foram identificados quatro tipos de formas de detritos plásticos, segundo a pesquisadora. Os materiais retratados no artigo foram visualizados em campo em 2019 e possuem, no máximo, duas décadas de existência. Amostras coletadas passaram por análises laboratoriais que permitiram reconhecer diferentes formas de detritos plásticos. Para a pesquisadora e coautora Giovana Diório, mestranda em Geologia na UFPR, as ocorrências mostram que o impacto humano, assim como os seus resíduos, estão tão presentes no meio ambiente que começaram a influenciar processos antes considerados essencialmente naturais, a exemplo da formação de rochas. Já para o geólogo Carlos Conforti Ferreira Guedes, professor do departamento de Geologia da UFPR e colaborador no artigo publicado, é necessário preservar estratigraficamente o impacto humano na Terra.