Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

Agronegócio: oportunidade para o rádio e informação para ouvintes

Por Comunicação. Publicado em 04/12/2020 às 12:31.

Devido a sua abrangência, meio é utilizado para criar um relacionamento próximo e de conteúdo relevante para produtores rurais do estado, além de oportunizar negócios para emissoras

Por Germano Assad


A economia brasileira, entre ciclos de euforia e depressão ao longo da história, sempre teve um porto seguro: o agronegócio. O setor, com valor bruto de produção estimado (VBP) em mais de 700 bilhões de reais para o ano de 2020, segundo projeções do Ministério da Agricultura, é quem garante o equilíbrio da balança comercial nas relações exteriores bem como o abastecimento interno, na bonança e nos tempos de crise.

Em crescimento gradual e continuado (aproximadamente 10% em relação ao VBP de 2019), e alheio às constantes crises políticas, ambientais e diplomáticas, o agronegócio brasileiro, gigante e diverso como o próprio país, ainda tem muito a evoluir em termos de comunicação. Para tanto, é preciso derrubar estereótipos, ocupando mais espaços em veículos de comunicação profissionais, gerando conteúdo de qualidade e formando porta-vozes com capacidade para defender o setor nos mais diversos meios.

A opinião é do professor e consultor Fernando Morgado. “Podemos separar os conteúdos voltados ao agro em duas categorias: aqueles mais ligados à cultura, envolvendo, por exemplo, culinária e música; e aqueles ligados aos negócios. A primeira categoria já é bem trabalhada pelo rádio, enquanto a segunda ainda pode evoluir muito”.

O rádio, pelo alcance que o diferencia dos demais meios de comunicação, criou uma relação mais intimista como as famílias do campo porque interliga todo o país, e se faz presente nas áreas rurais tratando de assuntos de interesse local, com a identidade e o sotaque da região, levando entretenimento, notícia e informação técnica que ajuda a melhorar a produtividade do ouvinte que vive da terra. “A gente do campo se reconhece ao ligar o rádio, o que não necessariamente acontece, por exemplo, quando ela liga a TV, meio estruturado em grandes redes nacionais sediadas no Rio de Janeiro e em São Paulo”, diz Morgado.

Experiências agro no rádio

Do ponto de vista empresarial, já se observa que programações voltadas ao setor têm se mostrado um bom negócio para radiodifusores. “Como a economia da região está ligada ao agro, o tema sempre esteve presente na programação, seja em boletins ou em reportagens e entrevistas”, afirma a responsável pelo jornalismo da CBN Maringá, Elci Nakamura.

“Diante do crescimento de audiência, interesse de ouvintes em busca de informação sobre o setor, hoje o CBN Rural é veiculado em todas as afiliadas do grupo no Paraná, ou seja, também em Curitiba, Londrina, Cascavel, Ponta Grossa e União da Vitória. Em Maringá, depois do CBN Rural, surgiu o CBN Mercado Agrícola, com informações diárias sobre cotações dos produtos do campo. Era mais uma demanda dos ouvintes ligados ao agronegócio”.

Para Elci, comercialmente, programas como o CBN Rural e o CBN Mercado Agrícola são produtos rentáveis, já que sempre tiveram patrocínios, desde que entraram na grade de programação da emissora. Ainda mais no Paraná, um dos mais pujantes entre os estados da federação, em números do setor. Segundo dados da Secretaria da Agricultura e Abastecimento relativos ao primeiro quadrimestre de 2020, o agronegócio compõe 33,9% do PIB (Produto Interno Bruto), e 80,3% das exportações do estado.Derivados da soja, carne e produtos florestais são os principais responsáveis pelos números no Paraná. 

Por ser uma mídia universal, que chega a praticamente todos os rincões do Brasil, o rádio tem a força necessária para esclarecer o público e fazê-lo enxergar estes setores cruciais da economia de uma forma mais positiva, derrubando estereótipos e visões reducionistas, simplistas, típicas do grande eixo.

O jornalista Rodrigo Zub, da Rádio Najuá, entende que na região de Irati, área de abrangência da emissora, informações técnicas sobre plantio e também sobre negociação e precificação do principal produto local – o tabaco – são de suma relevância para a população, em sua maioria agricultores familiares. “Os programas são importantes porque através de uma linguagem simples e objetiva, os representantes do sindicato e da cooperativa procuram levar as informações agrícolas aos lares dos ouvintes. Muitos deles não têm acesso à internet, e ficam sabendo das tendências do mercado por meio do rádio, que é o principal meio de comunicação dessas pessoas. Por ele são passadas dicas importantes como época correta de plantio ou semeadura de determinada cultura”.

Para Felipe Andrade, assessor de comunicação da sexagenária Cooperativa Agroindustrial Bom Jesus, o rádio continua forte no interior do estado. Tanto que possuem pogramas em sete emissoras que cobrem toda a região sudeste do estado e parte do planalto catarinense. “A informação sendo repassada por esse tipo de veículo estrategicamente abraça cooperados mais tradicionais, que por exemplo, não tem acesso a redes sociais, mas atinge também grupos de mulheres e jovens, que são o futuro da Bom Jesus. Em momentos atuais, como na pandemia, a aproximação das pessoas com veículos sérios de informação é importante para a credibilidade, com isso a cooperativa busca atingir o produtor rural com informações do mercado e conteúdos técnicos para que possam crescer em eficiência e produzir mais”.

Diante de um vasto mercado, repleto de oportunidades como o agronegócio, o professor Fernando Morgado sugere aos executivos comerciais de rádios que desenvolvam empatia, ou seja, saibam se colocar no lugar do anunciante. “O agro tem necessidades de comunicação muito particulares e as emissoras precisam compreendê-las. Só assim serão capazes de oferecer soluções que melhorarão a imagem institucional e impulsionarão as vendas. É preciso, portanto, ouvir com atenção aquilo que o cliente deseja para construir soluções sob medida para ele. Venda consultiva é algo fundamental, também no agronegócio”, conclui.