Conversamos com uma psicóloga que explica como os sintomas aparecem e dá dicas para superar a ansiedade.
Por Germano Assad
18 milhões e 700 mil cidadãos brasileiros convivem com sintomas da ansiedade, segundo a mais recente estimativa da OMS (Organização Mundial de Saúde). O número representa 9,3% da população, praticamente o triplo da média mundial (3,6%), e coloca o país no topo do ranking da entidade sobre o distúrbio mental.
O problema foi agravado pela pandemia, que deixou as pessoas ainda mais tensas e preocupadas, de acordo com a psicóloga da Clínica Estância do Lago, Evelise Brito.
“A ansiedade é o nome que a gente dá para mudanças que acontecem no nosso corpo e na nossa mente quando a gente precisa se defender de algum perigo, seja ele real ou imaginário”, define a profissional. Segundo ela, existem dois tipos de ansiedade. A adaptativa, que faz parte do processo natural e é até importante para o organismo e a mente, e a desadaptiva, que traz consigo sofrimento emocional e físico.
Para Evelise, a vida moderna e o avanço tecnológico têm imposto uma expectativa de velocidade para a resolução das coisas, que a mente humana ainda não acompanha plenamente. “Quando se consulta o ’google’, por exemplo, a resposta vem imediatamente. E nossa mente tende a achar que tudo tem que ser rápido da mesma forma. Isso acaba sendo levado para outras áreas, até emocionalmente falando. Acabamos tendo relações mais líquidas, tudo tem que dar certo e rápido, temos dificuldade em lidar com frustrações, qualquer coisa que o outro faça já não me serve e tenho que mudar de vida, de ares, de trabalho, de curso, de amizades, rápido”, compara.
Se o poeta romano Juvenal já pregava, lá no século 2, “Mente sã em corpo são”, hoje, pleno século XXI e em meio a tantos gatilhos, a máxima nunca foi tão almejada. Para tanto, a psicóloga recomenda, além de uma boa alimentação, sono controlado e prática de atividades físicas, um comportamento que evite o que chama de ‘armadilhas mentais’, na luta contra a ansiedade desadaptiva.
Pensamentos do tipo ‘vou passar mal’, sensação de ‘nó’ na garganta, coração acelerado, tontura, respiração ofegante, boca seca, são reações físicas do medo, ou a gente paralisa ou foge são consequências físicas de quem já caiu na própria arapuca. Para não chegar neste ponto, ou sair do ‘labirinto’ de emoções negativas, é preciso treinar a mente. Pessimismo, cobranças impossíveis, pensamento de tudo ou nada, foco permanente em coisas negativas ou em erros do passado, já cometidos são alguns dos principais sentimentos que aprisionam ansiosos.
“Cortar essas armadilhas evita com que percamos tempo e energia. É preciso parar de adivinhar. Quem vive de passado é museu, quem vive de futuro é vidente e quem vive de reclamação é o Procon. Se acha que alguém ficou ou está chateado, pergunte e esclareça. Não acumule dúvidas e sentimentos negativos, muitas coisas vivem e fazem sentido apenas dentro de nossas cabeças”, explica.
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