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Como cuidar das finanças da empresa diante do coronavírus?

Por Comunicação. Publicado em 03/07/2020 às 09:41.

O impacto da pandemia entre pequenas empresas poderá ter amplas consequências para a economia nacional. Segundo o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), micro e pequenas empresas respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado no Brasil. Em entrevista ao Portal da Aerp, Everton Brenda, economista e consultor, fala das perdas financeiras, sobre os cuidados que o empresário deve ter ao buscar crédito e com as postergações de dívidas.

Diante de um cenário de incertezas sobre o tamanho e a duração da crise, quais as melhores opções para evitar as perdas financeiras?

Everton Brenda – Acredito que para evitar as perdas financeiras, é preciso, mais do que nunca, colocar em prática as ações da educação financeira. Muitas pessoas não tiveram isso e os pequenos e médios empresários, que são a força motriz da nossa economia, precisam dessa educação. Ela compreende saber o quanto a empresa fatura, quais os custos, as despesas. Existem ferramentas financeiras para saber qual a tomada de decisão mais certa para esse momento.

Embora ainda seja difícil estimar por quanto tempo o cenário de incertezas vai se manter, como o empresário pode estimar a queda no fluxo de caixa?

Everton Brenda – Os empresários já estimaram o fluxo de caixa. Os prestadores de serviços, por exemplo, estão utilizando mecanismos para continuarem atendendo os clientes de forma alternativa, oferecendo opções, reduzindo preço, e realizando acordos. Já a indústria e o comércio estão fazendo valer o conceito de parceria em toda a sua cadeia. Eu tenho clientes que são pequenas indústrias e se tornaram realmente parceiros, desde os fornecedores até os clientes finais. Todos tiveram que se adequar. Adaptaram os seus custos, a forma como vão realizar o pagamento e quando será pago. Todos os ramos da cadeia se tornaram ativos realmente. 

Como o empresário pode reforçar seu caixa?

Everton Brenda – Neste momento, estão surgindo boas oportunidades para aqueles que conseguem aderir às linhas que são oferecidas. Recentemente, saiu na imprensa que o pequeno e médio empresário não estão tendo acesso às linhas que estão surgindo. Há pouco tempo foi lançado o Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e as Empresas de Pequeno Porte), que fornece até 30% do faturamento bruto em 2019. Por exemplo, se pegarmos uma empresa que faturou em média 30 mil reais mensais, 360 mil reais no ano, ela conseguiria perto dos 100 mil reais em linha de crédito, a uma taxa de juros de 1,25% ao ano, mais Selic. Ou seja, o empresário estaria pegando dinheiro a longo prazo, com até 36 meses para pagar, podendo ter até oito meses de carência. Esse exemplo mostra que se o empresário conseguir o recurso é importante utilizar com inteligência na empresa para o capital de giro, ou para fazer um investimento que ele precise. Essa é uma forma de buscar capital de giro barato. Continuar descontando título a juro, até abusivo, pela taxa Selic, considero um capital de giro caro. Esse eu não recomendo. Estão surgindo boas linhas aonde os pequenos empresários vão se beneficiar.   

Quais os cuidados que o empresário deve ter ao buscar crédito e com as postergações de dívidas?

Everton Brenda – O primeiro cuidado é não se precipitar. Colocar na ponta do lápis a programação do fluxo de caixa, verificar se o crédito que está sendo adquirido não vai elevar o custo financeiro do produto ou serviço dele e, principalmente, se ele vai ter fôlego para pagar lá na frente. Hoje as vendas caíram e não sabemos como será a retomada no futuro próximo. Esse crédito pode fazer mal para ele lá na frente.