Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

“Conhecer nosso público cada vez mais, que valor a gente agrega para as pessoas”

Por Comunicação. Publicado em 30/09/2021 às 14:50.

A presidente da Aerp Jovem e CEO das rádios Aline FM e Bianca FM, de Umuarama, fala sobre o futuro do rádio no mundo atual e como reconfigurar as relações de gestão dentro das empresas

Por Amanda Yargas


Aline Ruge é uma das integrantes da segunda geração de radiodifusores paranaenses que cresceram afastados dos estúdios. A mãe e o pai, Branca Domingo Pires e Edson Amorim Pires, fundaram várias rádios, quatro delas no Paraná. 

A família se mudou para os Estados Unidos quando Aline ainda era criança para um tratamento de saúde e ela viveu por lá a maior parte da vida. Se formou em arquitetura, casou, teve três filhos. Mas o pai faleceu e Aline e a família voltaram ao Brasil para organizar as empresas. 

O plano era ficar apenas alguns anos, mas ao ficar mais perto do rádio, o coração bateu mais forte. “A gente mexe com muita coisa, é a questão dos ouvintes, dos clientes, dos empresários, visão, é a questão política, é a questão dos artistas. Claro que isso gerou um desafio muito grande para mim porque, quando eu aprendia uma coisa, vinha outra nova. E eu me apaixonei pelo empreendedorismo, por tudo que o rádio traz”, contou.

Aline começou a pesquisar e a aprender tudo que era possível sobre o meio, inclusive conteúdos produzidos fora do país. Para entender o cenário da radiodifusão no Paraná, ela buscou ajuda em outras empresas. Foi assim que bateu à porta da Maringá FM e foi acolhida por Alexandre Barros, à época, presidente da Aerp. A partir daí começou a se envolver ainda mais.

Hoje, Aline é CEO das rádios Aline FM e Bianca FM, ambas em Umuarama. O grupo, gerido entre os irmãos, reúne as rádios Chrystian FM, de Alto Piquiri, Éden FM, de Centenário do Sul. 

Futuro do rádio: as mulheres e as novas plataformas

Aline Ruge é a atual presidente da Aerp Jovem, um conselho permanente que ajuda na transição entre gerações à frente das rádios paranaenses. Ela avalia que “ao longo dos anos, o rádio começou a ficar muito sério, talvez porque as gerações foram envelhecendo. A missão da Aerp Jovem é trazer o jovem de volta para o rádio, fazer o rádio ‘sexy’ de novo. O jovem tem uma visão diferente das coisas, no passado a visão era de poder, porque o rádio abre muitas portas, e o jovem hoje está preocupado com impactar, com fazer a diferença na comunidade”.  

Aline se considera uma apaixonada também pelo empreendedorismo feminino. Segundo ela, as mulheres são mais atentas aos detalhes e também estão mais abertas a novos aprendizados. Por isso, ela acredita que elas têm mais facilidade de se adaptar às mudanças que estão acontecendo no rádio.

E essas mudanças na forma como as pessoas escutam e consomem música, programas jornalísticos e de entretenimento em formato de áudio podem assustar muita gente, mas Aline afirma que há espaço para todos. “O que a gente tem que fazer é cada vez mais conhecer nosso público, que valor a gente agrega para as pessoas. E se você está ali para sanar uma dor, para trazer uma solução, você sempre vai ter espaço, seja no rádio ou nas plataformas digitais”.

Mas ela ressalva que as novas mídias vieram para ficar e que é preciso reformular o rádio para que ele ainda faça sentido nesse novo mundo. “Cabe a nós também estar evoluindo e trazer esse conhecimento para nossa empresa. O rádio pode ser o principal, mas por que não ter o complemento da rede social, por que não trazer mais soluções para seu cliente?”, questiona. 

Questões de gestão: profissionalização e controle emocional

Dentro do ambiente corporativo, Aline Ruge acredita que gestão emocional é a habilidade do futuro. Para ela, a pessoa que não consegue lidar com as emoções diante de estresse, de mudanças, se torna muito volátil. A CEO conta que essa é a primeira característica que ela busca quando decide em quais profissionais vai investir para assumir cargos de liderança. “O atributo principal de um líder é o controle de emoções, é ter uma gestão emocional e saber lidar com as pessoas, porque toda empresa é feita de pessoas, se a gente não cuidar das nossas pessoas vai ser muito difícil construir algo grande”, ponderou.

Para trilhar esse caminho, a radiodifusora considera que o autoconhecimento é indispensável. É preciso avaliar aquilo que se tem de qualidades e aquilo em que é preciso melhorar. Aliás, ela considera que isso hoje conta mais do que a experiência, já que tudo está mudando muito rápido. E, a partir do autoconhecimento, é possível identificar aqueles aspectos que ainda é preciso desenvolver, tanto em si mesmo, quanto na equipe, e investir neles.

Uma das características mais comuns que ela percebe que traz problemas ao meio da radiodifusão paranaense são as empresas familiares que não conseguiram se profissionalizar, não investindo em sistemas, processos e treinamentos. Ela destaca que é preciso avaliar esta e outras questões que possam existir dentro da empresa e buscar soluções “é um fator muito importante para a gente estar sempre evoluindo. Então se você não está no nível que você gostaria de chegar, é porque falta um conhecimento que você precisa adquirir”.

Aline conta que busca ideias e soluções até mesmo fora do meio. “Às vezes a gente fica limitado. Então eu vejo outras grandes empresas, como eles trabalham, e tento trazer para a nossa realidade aquilo que pode fazer a diferença”, conclui.