Pesquisa realizada e divulgada pela Uenp em 14 municípios da região norte do estado revela que 8,5% da população adulta que já está trabalhando apresentava anticorpos.
Por Germano Assad e Marinna Protasiewytch
As atividades laborais estão voltando aos poucos, com o relaxamento das medidas restritivas pela contenção do coronavírus no país. O desenvolvimento de protocolos sanitários amplos e mais genéricos pelos órgãos de saúde regionais, baseados em pesquisas científicas, é o que viabiliza o retorno gradual dos vários segmentos da economia. E fica a cargo de cada um destes segmentos, por meio de suas entidades representativas, a adaptação dos protocolos de acordo com as particularidades de cada negócio.
Em um país com as dimensões de um continente como o Brasil, entretanto, é preciso ainda levar em conta o momento de cada região, no monitoramento e controle da pandemia, para estabelecer as melhores práticas para o retorno.
Pesquisa realizada e divulgada neste mês de setembro pela Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná) em 14 municípios da região norte do estado revela que, no período de 11 de junho a 11 de agosto, 8,5% da população adulta de 18 a 59 anos e que estava trabalhando já apresentava anticorpos.
“Este estudo possibilitou conhecermos em que estágio da pandemia nós estamos. Se temos menos de 10% da população com anticorpos, ainda tem uma parcela significativa da população exposta e estamos distantes também de alcançar uma imunidade coletiva, a chamada ‘imunidade de rebanho’”, explica o coordenador do estudo e professor da Uenp, Ricardo Castanho Moreira.
Para efeito de comparação, pesquisa semelhante divulgada recentemente em Manaus revelou que 66% da população local já possui anticorpos. “Número que indica uma desaceleração dos casos e provavelmente uma contenção da pandemia por lá”, esclarece Castanho.
Basta olhar para os números para entender que as políticas públicas e restrições não devem ser as mesmas para as duas localidades, diante de contextos tão diferentes. Razão pela qual, políticas e estratégias nacionais de combate à pandemia, como a ‘imunidade de rebanho’, por exemplo, foram descartadas por especialistas e pelo poder público.
“Para que tenhamos maior riqueza de detalhes e ajudar ainda mais o gestor público na tomada de decisões, o estudo precisa ser seriado, porque com certeza o mesmo levantamento hoje, feito daqui a 60, 90 ou 120 dias, vai permitir uma avaliação da evolução da pandemia”, completa.
Cuidados no trabalho / Dicas práticas
Como ainda não há vacina ou medicamento eficaz para o tratamento da doença, o jeito é mitigar a curva de transmissão, respeitando as medidas já tradicionais de prevenção, para que o retorno seja o mais seguro possível. “É um momento de mudança cultural”, lembra o professor, que listou dicas práticas mais genéricas e também bem específicas para comunicadores que passam muito tempo em estúdios.
Cuidados genéricos:
- Distanciamento físico mínimo de 1,5 metros entre colegas de trabalho;
- Uso constante e correto de máscara, desde a saída de casa até o retorno, tampando a boca o nariz e o queixo;
- Não compartilhar objetos de uso pessoal, especialmente garfo, faca, colher, copo, xícara e prato;
- Manter o ambiente de trabalho o mais arejado possível, com janelas abertas e ventilação;
- Evitar o uso de ar-condicionado, já que o equipamento ‘cicla’ o mesmo ar que todos respiram para devolvê-lo ao ambiente;
- Higienização constante das mãos;
- Álcool gel sempre disponível;
- Cuidado redobrado com distanciamento e uso de máscara para usuários de transporte coletivo;
- Monitoramento de sintomas, busca de apoio profissional no caso de dúvidas e isolamento imediato no caso de testagem positiva.
Cuidados específicos para estúdios:
- Higienização frequente dos equipamentos e postos de trabalho, especialmente dos compartilhados;
- Se a máscara inviabilizar a dicção e a qualidade do áudio, uma alternativa é o uso do protetor facial, conhecido como faceshield, para contenção de gotículas;
- Cuidado com as espumas de microfones, as anti-puffs, que acabam virando verdadeiros depósitos de gotículas. Se não for possível individualizar o uso, higienizá-las constantemente;
- Uso de lâmpada ultravioleta germicida. Como se trata de um dispositivo nocivo à saúde humana, ela deve ser ligada por no mínimo 1 hora no ambiente vazio, de tal forma que sua luz incida sobre os móveis e equipamentos para que a esterilização aconteça, sem dispersão. Ou seja, o estúdio ou a sala precisam de um bom isolamento, e a depender do tamanho, a lâmpada precisa ficar ligada por mais tempo, antes que os colaboradores possam fazer uso do ambiente.