Pesquisa, perfil da audiência, escolha da linguagem e dos comunicadores, desenvolvimento da plástica, acompanhamento e muita persistência, são algumas orientações dos especialistas da área.
Por Fernanda Nardo.
Tudo deve partir da pesquisa, segundo o consultor e professor, Fernando Morgado: “A grade deve estar a serviço da audiência”. Sendo assim, é por meio da pesquisa que é possível conhecer aquilo que de fato o ouvinte deseja consumir. Antes de montar a programação ou criar um novo programa, é importante que exista um planejamento para ajudar a definir o que e como a emissora irá se comunicar com seu público. Afinal, o conteúdo desenvolvido será o diferencial da rádio.
“Esse conhecimento minimiza os riscos na hora de investir. Foi-se o tempo em que as emissoras podiam depender única e exclusivamente do gosto pessoal dos seus donos. O volume de dinheiro envolvido na comunicação exige maior cautela na hora de contratar talentos e produzir programas”, diz Morgado.
São muitos os fatores que impactam o desenvolvimento de uma grade de programação e eles variam conforme o formato escolhido. Para o especialista, é preciso saber quando e quanto o público está disposto a ouvir rádio, se ele ouve rádio enquanto executa outras tarefas ou consome outros meios.
“No geral, o mais importante é a rotina da audiência, especialmente no que se refere ao consumo de conteúdo. No caso de rádios musicais, deve-se considerar também a maior ou menor disponibilidade de lançamentos em determinado gênero, permitindo a manutenção de uma playlist sempre atraente e renovada”, explica Morgado.
Para o gestor artístico da Massa FM de Curitiba, Londrina e Maringá, Cristiano Stuani, o planejamento de qualquer conteúdo da programação, parte de um estudo de comportamento, hábito e consumo dos ouvintes, desenho de um roteiro minuto a minuto, escolha da linguagem e comunicadores, desenvolvimento da plástica, material de divulgação e sua implantação. “Mas, não acaba por aí. É necessário o acompanhamento diário do novo conteúdo, pois, algumas mudanças podem ser necessárias já no começo”.
Por esse motivo, os principais fatores sempre dependem de onde a emissora quer chegar. Se ela estiver começando uma programação do zero, deve-se fazer um novo planejamento estratégico e entender qual perfil de programação ainda cabe na região a ser implantada.
“Caso seja uma programação consolidada, os fatores são as respostas para as tais perguntas: quem alcançar? O que esse público consome? A partir desses pontos, tudo se constrói, sejam os investimentos necessários em estrutura, promoções ou pessoas”, explica Stuani.
Modelo generalista versus especializado
Tradicionalmente, a programação radiofônica pode ser dividida em dois modelos, que são definidos a partir dos conteúdos que a emissora veicula: o modelo generalista e o modelo de programação especializada. Mas como saber qual é melhor a ser aplicado?
O modelo generalista combina diversos gêneros de programas, enquanto a especialização prevê o foco em um determinado gênero. Para Morgado, as rádios generalistas costumam florescer em regiões atendidas por uma menor quantidade de emissoras. “Com menos opções, as rádios acabam impelidas a abraçarem o máximo de demandas do público, segmentando por horário”, diz.
Segundo Morgado, em mercados com mais emissoras, a especialização torna-se uma estratégia interessante “Dessa maneira, é possível consolidar um posicionamento claro na mente da audiência e, assim, diferenciar-se da grande concorrência”, explica Morgado.
Para Stuani, não existe um modelo generalista ou especializado, toda rádio é segmentada, independentemente de seu estilo ou target. O que pode acontecer é que alguns perfis de rádio, como as populares e/ou hits, por exemplo, tem uma maioria da audiência absoluta. Mesmo que se faça uma programação que seja um mosaico, ele acredita que é preciso respeitar o que o seu target de audiência consome. E para saber qual modelo aplicar à emissora, basta conhecer o seu público, seja ele ouvinte ou cliente.
“Toda rádio é segmentada e sempre haverá diferença entre uma e outra. Uma emissora que acredita poder ser generalista, pode ter grandes prejuízos, pois, uma programação nunca será capaz de agradar a todos (100%), nem misturar conteúdos tão abrangentes”, destaca.
O que não fazer na hora de montar a sua programação?
Não se pode montar uma programação sem pesquisa, e ela deve estar a serviço da audiência da rádio. E só se pode conhecer a audiência e suas demandas por meio de pesquisas, sejam elas quantitativas ou qualitativas. No entanto, é importante que essas pesquisas sejam acompanhadas por um profissional especializado em mercado de rádio. “Isso gerará análises ainda mais ricas e adequadas à realidade do mercado e da emissora”, afirma Morgado.
Segundo Stuani, a emissora nunca deve desenhar uma rádio para agradar a si mesma, afinal, ela é feita para conquistar as pessoas, independentemente do tamanho de cada nicho.
“Mesmo que o gosto da equipe do artístico se assemelhe ao target, é importante estar atento ao comportamento e hábito de seus ouvintes. Mesmo que algumas regiões não tenham pesquisas mensais, há várias outras formas de conhecer melhor o seu ouvinte, nem que seja batendo um papo de vez em quando pelo WhatsApp”, diz.