Cobertura jornalística em tempo real teve papel crucial diante do atraso na apuração das votações pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e questionamentos sobre a credibilidade do processo.
Por Germano Assad
Período eleitoral é sempre uma oportunidade para que emissoras alcancem maior audiência e engajamento com o público. E ano a ano, veículos de rádio seguem protagonizando a cobertura especial do maior evento democrático do país, especialmente nas disputas regionais.
Segundo o Google Trends, ferramenta que revela o comportamento de usuários em buscas no próprio Google, pesquisas por palavras relacionadas ao meio explodiram no período que antecedeu a corrida eleitoral. Para se ter uma idéia, buscas contendo a palavra Rádio aumentaram em 525% nos últimos sete dias, com pico no próprio domingo.
E o dia dos pleitos municipais não só confirmou a tendência, como a vocação do veículo: O grande público usou os canais digitais para acessar a sua rádio preferida. “O pico de audiência de emissoras já era uma tendência, o que mostra a importância do rádio como fonte de informação local. Já acontecia em outras eleições, só que em menor volume na internet”, diz Daniel Starck, jornalista e proprietário do tudoradio.com.
O portal, que disponibiliza streaming de emissoras de todo o Brasil, já havia constatado volume de acessos acima do normal desde o início da manhã de domingo, quando a votação foi liberada, às 7h. Mas a partir das 16h e até as 20h, chegou a registrar picos de audiência 10 vezes superior ao maior volume de acessos do site em dias comuns.
Mesmo com inúmeras opções de sites disponibilizando contagem de votos em tempo real, o rádio foi muito buscado pelo público. “As pessoas querem ouvir o que os comentaristas têm a dizer, querem interagir. Eleições têm muito a ver com rádio, que vive e transmite o momento desde o horário eleitoral, da preparação. É o meio local para isso”, opina Starck.
A Rede Aerp de Notícias cobriu em tempo real e integral o domingo de eleições, que neste ano trouxe desafios à parte aos comunicadores de todo o estado, pelo atraso na apuração por parte do TSE e sobrecarga nos canais oficiais de comunicação do judiciário. “Cada detalhe de novidade sobre a espera e os motivos do congestionamento no TSE foi compartilhado entre os radiodifusores. O que, na sequência, se transformava em notícia em tempo real para os ouvintes”, conta a coordenadora de jornalismo da Rede Aerp de Notícias, Juliana Sartori.
A jornalista aponta a troca constante de atualizações, materiais e informação como um dos pontos altos do trabalho de domingo. “Ter a certeza da força do rádio como veículo de natureza colaborativa é muito gratificante. Aproveitamos a existência do grupo de WhatsApp da Rede Aerp para trocar informações, boletins gravados e sonoras com autoridades da Justiça Eleitoral”.
Diogo de Assis, da Rádio Goioerê FM, foi um dos associados que cobriu a eleição e participou deste intercâmbio. Para ele o material trocado permitiu que profissionais de plantão fossem rodando e ajudando a criar o clima de expectativa para o momento da apuração. “Utilizamos os boletins da Rede Aerp de Notícias antes das cinco, e eles foram ao ar criando aquela expectativa de como estava o dia das eleições, trouxeram informações a nível estadual e nós produzimos o local. A partir das cinco da tarde começamos a fazer nossa cobertura simultânea pela rádio e também uma live pelo facebook”.
O complemento de conteúdo, com panorama regional mais amplo e as informações de outras cidades permitiu que o público seguisse acompanhando a cobertura, mesmo com o atraso na contagem, e, por conseguinte, duração muito maior que o usual. “Tivemos uma grande audiência aqui na nossa região, todo mundo ligado, temos vários depoimentos de pessoas que ficaram conosco até às 11h30 da noite, horário que finalizamos as transmissões. Tivemos a participação ao vivo da Juliana Sartori aí de Curitiba, falando do cenário na capital, por volta das 18h, ela ligou, participou ao vivo aqui da nossa cobertura, dando um respaldo ainda maior ao nosso trabalho em nível regional e estadual”, relata.
“Essa troca de informações poderia ser ainda melhor, poderíamos ter gravado um boletim da nossa zona eleitoral específica, e quem tivesse interesse em rodar, principalmente as cidades mais próximas, poderia usar, por exemplo, mas não foi o caso, por conta do atraso”, conclui Diogo.
Para Sartori, ainda que o atraso e demais problemas tenham gerado um clima de expectativa e certa perplexidade entre profissionais da imprensa e na população, não acarretou em grandes prejuízos ao processo eleitoral como um todo, ainda mais diante da conturbada eleição americana, que o mundo acompanhou recentemente. “Revelou como estamos todos acostumados a um padrão de excelência eleitoral no Brasil que sempre apresentou pouquíssimas falhas e muita confiabilidade”, opina.