Promover um ambiente saudável, dar autonomia e oportunidade para criar em conjunto são algumas das dicas do especialista para criar esta realidade.
Por Fernanda Nardo.
É fato que o ser humano passa muito mais tempo trabalhando do que em momentos de lazer, por esse motivo, estar motivado e feliz no trabalho pode resultar em satisfação pessoal e, inclusive, mais produtividade e lucros para as empresas. É o que revela uma pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia, que demonstrou que um trabalhador feliz é, em média, 31% mais produtivo, três vezes mais criativo e vende 37% a mais em comparação com outros.
Um dos grandes desafios das empresas é criar esse ambiente de trabalho feliz e harmonioso, que promova um senso de pertencimento ao funcionário e propósito no que está sendo feito. De acordo com o CEO do BioGrupo e especialista em gestão de pessoas, Eduardo Córdova, hoje as pessoas estão em busca de significado, participação, oportunidades e auto desenvolvimento.
“A cultura da empresa deve representar esse ambiente saudável, no qual o colaborador tenha autonomia, oportunidade, inclusive, para criar em conjunto novas formas de atuar. Além disso, o funcionário precisa entender o objetivo do trabalho proposto, conseguir enxergar sua identidade nos projetos desenvolvidos”, diz.
Córdoba destaca que o primeiro passo é desenvolver uma cultura de sucesso, baseada na valorização e incentivo dos bons desempenhos, e não apenas cobrar resultados.“Vivemos um momento que o importante não é apenas quem fala, mas o que é falado. Por isso, é preciso conseguir comunicar o que é esperado do funcionário de forma aberta e clara, explicar como o trabalho proposto irá impactar a vida dos clientes e da sociedade, de que forma contribuirá para que o mundo seja um lugar melhor. Criar sentido gera motivação e faz com que o profissional consiga atuar de maneira ativa, alinhado com os objetivos da empresa”, diz.
Para isso, é necessário que haja uma comunicação clara, objetiva e aberta entre líderes e funcionários. Para o especialista, o líder deve estar aberto a aprender e a criar novas formas de gestão. “Todos nós temos muito a aprender e ensinar. O gestor não pode pensar que sabe tudo. Estar disposto a aprender e deixar de lado o controle excessivo, pode gerar resultados surpreendentes”.
Ele explica que uma maneira eficaz e fácil para abrir esse diálogo, é fazer pesquisas com a equipe para entender o que é preciso melhorar? Como a pessoa se sente no ambiente de trabalho? O que ela mais gosta na empresa?
“Não tem outro caminho, ouvir é a solução mais efetiva e barata. É preciso estabelecer uma conexão verdadeira, entender o que as pessoas querem, e nada melhor do que estabelecer maneiras de se comunicar e ouvir. Na maioria dos casos, vejo que as respostas dos colaboradores sempre acabam surpreendendo”, afirma Córdoba.
Trabalho com propósito
Atualmente, percebemos a mudança de visão das pessoas em relação ao trabalho. E isso vai muito além de encontrar um que traga renda satisfatória, mas sim, a visão de que ele ofereça uma oportunidade de transformação, que envolve a busca de propósito e a oportunidade de desenvolver habilidades. Ou seja, a felicidade no trabalho também depende de como o funcionário se sente em relação ao trabalho que desenvolve.
“Existe uma mudança no comportamento das pessoas, elas tendem a buscar colocações e empresas que façam sentido para elas. O trabalho foi ressignificado, antes era associado ao sofrimento, hoje as pessoas buscam satisfação profissional. Se a organização não faz a parte dela, não investe em educação, por exemplo, deixa de estimular o colaborador e perde a oportunidade de reter seus talentos”, destaca Córdoba.
Produtividade no home office
De acordo com o especialista, durante a pandemia, as empresas amadureceram e avançaram. Elas perceberam que o home office aumentou a produtividade e reduziu custos. Mas para que essa relação de trabalho à distância ocorra de maneira eficaz e tranquila, é preciso desenvolver confiança na equipe.
“A confiança é o que mais combina com liderança. O gestor que não busca desenvolver confiança em relação a sua equipe está ultrapassado. Com a pandemia, as empresas perceberam que não é preciso ter as pessoas no seu campo de visão para obter produtividade. Especialistas apontam que ela desenvolveu mais as empresas em um ano, do que qualquer CEO fez em 10 anos. Isso se reverteu em menores custos, métodos ágeis e resultados”, explica.
No entanto, o especialista aponta que é preciso estar sempre acompanhando e sentindo como o funcionário está se relacionando com o trabalho em casa. Promover reuniões, o diálogo, e principalmente, transferir a responsabilidade para os funcionários pode ajudar nesse processo. “Quer desenvolver alguém? Dê responsabilidades à pessoa. Isso motiva, demonstra que o líder acredita no potencial do funcionário, e na entrega do trabalho. Esse é o papel do novo funcionário e do líder do século XXI”, afirma.