Por Marinna Protasiewytch
A quarentena revirou o mercado do audiovisual justamente por conta do afastamento das pessoas das ruas, dos locais de lazer e do próprio contato físico com artistas e marcas. Analisando o comportamento do consumidor e dos próprios empresários, Patrícia Fragoso, especialista em mercado e comportamento do consumidor, com passagens pelo Sistema Globo de Rádios e Kantar IBOPE Media, publicou, ainda no início da pandemia (em março) um e-book sobre as “Oportunidades para as rádios com as Lives”.
A autora destacou quais foram as suas percepções ao analisar os impactos da pandemia para as rádios. “A impressão mais forte que tive foi, sem dúvida, a retração no investimento. A receita com eventos, por exemplo, que sempre foi muito relevante para várias emissoras, deixou de existir, sem que outro segmento pudesse compensar essa perda” destacou Patrícia.
Além dos eventos, a proximidade do ouvinte com ações presenciais e de fortalecimento da marca tiveram um grande impacto, chegando a praticamente zero nos meses de maior restrição nas ruas.
“Outro impacto gerado pela pandemia foi a suspensão de ações promocionais e projetos especiais, recursos fundamentais do meio para viabilizar negociações importantes. Todos os profissionais com quem tive a oportunidade de conversar sobre esse cenário relataram perdas sem precedentes e uma necessidade imediata de ajustar internamente os custos para buscar a sustentabilidade do negócio” explicou Patrícia.
Surgimento das Lives Show
Para tentar combater a queda brusca de receita, diversas rádios utilizaram a internet como canal para chegar até os ouvintes, além das ondas do rádio. “No início, as emissoras puderam conquistar novos seguidores e reativar os antigos, além de oferecer conteúdo musical inédito em um momento em que nada de novo estava sendo produzido. Os artistas estavam disponíveis e se engajavam na divulgação, ativando suas bases de fãs” destaca a autora.
Mas segundo Patrícia, em um curto espaço de tempo, as lives passaram por diversas fases e hoje já não alcançam audiências tão relevantes quanto àquelas registradas no começo da pandemia ou há três meses.
A realidade em relação as lives mudou, mas segundo a autora, elas abriram oportunidades. “As lives também abriram espaço para experiências com novos produtos usando personalidades da programação e novos formatos de conteúdos informativos” exemplifica Patrícia.
Futuro pós-pandemia
O legado poderá ser aproveitado quando o mundo restaurar a ordem natural dos relacionamentos sociais, com aproximações e aglomerações liberadas. As programações multimídia vieram para ficar e por isso rádios e lives poderão continuar fazendo uma boa dupla. “O pós-pandemia ainda é algo muito desconhecido, já as lives se tornaram um formato bem mais disseminado. Vimos que já evoluíram bastante em qualidade e investimentos e ainda poderão se desenvolver por novos caminhos” analisa a autora.
Para a autora Patrícia Fragoso uma das questões mais relevantes no cenário atual é que algumas rádios se adaptaram muito rápido às mudanças e por isso conseguiram espaço. “O rádio sempre foi um meio de muita criatividade e capacidade de reinvenção. Tenho certeza que novas e boas ideias ainda surgirão no meio” concluiu.