Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

“O rádio precisa ser um fomentador de negócios e não apenas um executor”

Por Comunicação. Publicado em 16/04/2020 às 12:03.

Os radiodifusores estão enfrentando vários desafios neste momento. São muitas as decisões diárias a serem tomadas, que impactam diretamente no negócio: negociação com patrocinadores, gestão dos funcionários, atenção aos fornecedores, planejamento da programação.

Mas, sem dúvida, é um período para rever suas ações e estratégias. O portal da Aerp entrevistou Robson Ferri, fundador e diretor-executivo da RF Mídia/Rádio Conteúdo. Ele falou sobre vários assuntos como a importância do conteúdo, da estratégia e da criatividade. “Com essa ruptura de processos tradicionais de comercialização de mídia, ficou mais claro que tudo que for para o ar ou apresentado precisa ter carga criativa, estratégica e funcional para ambos os lados: radiodifusor e cliente”. Confira

Qual a importância da união da criação, negócios e conteúdo neste momento?

Robson Ferri – Toda! Porém, infelizmente, não é praticada em uma fatia importante do mercado. Mas, com essa ruptura de processos tradicionais de comercialização de mídia, ficou mais claro que tudo que for para o ar ou apresentado precisa ter carga criativa, estratégica e funcional para ambos os lados: radiodifusor e cliente.

Um estudo recente da Kantar aponta que as marcas que investem mais durante as crises crescem até 5 vezes mais do que as outras. Como convencer as empresas a continuarem anunciando, mesmo com a verba restrita?

Robson Ferri – Provando que você é relevante. “Saindo de trás da mesa” e “indo até o cliente”, fazendo um pós-venda de cada ação feita, de cada centavo que ele investiu, participando das dores do cliente e mostrando soluções de como ele pode melhor vender o que ele almeja, dentro da emissora. Precisamos ser vistos como uma cabeça pensante e estratégica para a empresa dele, e não apenas um emissor de relatórios de quantas vezes o material foi executado. Quem não agiu dessa forma, até o início da pandemia, está na lista de prioridade de cortes. Tem muitas lições que podemos enxergar no meio desse “caos” todo.

Como os radiodifusores podem orientar suas estratégias e seguirem investindo na conexão fina com os ouvintes?

Robson Ferri – Pensando nos dois lados, nos investidores e ouvintes. O investidor quer resultado de suas ações, melhor impacto, já o ouvinte quer experiência e conta, até mesmo, com as marcas para passarem uma mensagem conectada com o momento. Hugo Rodrigues, CEO da WMcCann, disse recentemente em uma reportagem no Valor Econômico, que por mais que a publicidade tenha encolhido o público quer anúncios. Significa que “este anúncio” está além das ofertas e facilidades dos seus respectivos produtos, mas também envolve um posicionamento claro e verdadeiro de como as marcas estão se inserindo nesse novo mundo. Quem souber usar a inteligência e for transparente em suas intenções e posicionamento sairá na frente quando o mercado voltar na sua plenitude.

A propaganda e o marketing mudaram. A criatividade se tornou ainda mais fundamental?

Robson Ferri – Não tenho dúvida. No ano passado tivemos uma experiência no nosso meio rádio de como a criatividade, inclusive a colaborativa pode sobressair ao que tem de mais moderno de distribuição de mídia previsível no mundo. A Linguiça FM, teve um orçamento pífio e movimentou todo o país e até algumas emissoras de fora do Brasil com a expectativa de sua chegada. Nossa meta era mostrar para todos os donos de emissoras que a Agência RF existe, e isso foi alcançado. Criatividade com planejamento provocou todo aquele “boom”. Criatividade será o grande insumo do nosso meio, já que ferramentas todos têm acesso. Jamais conseguiríamos, com tão pouco tempo, impactar o público que tínhamos interesse e passar uma mensagem se a criatividade e a estratégia não estivessem alinhadas.

Em sua opinião, dentre todos os desafios que estamos passando, quais podem se tornar oportunidade de mudança?

Robson Ferri – Aprendi desde criança um ditado que diz “vegetação não cresce no cume das montanhas, é na planície”. Crise é momento de oportunidades, deslocamentos de riquezas e rotinas. Muitos estão agora revendo seus negócios e acredito que neste momento muitos poderão enxergar coisas que não eram possíveis, por estarem em um voo no piloto automático nos seus negócios. Isso não significa que todos conseguirão pilotar o avião sem este recurso da previsibilidade.

Como as emissoras podem se preparar para a “nova realidade” após a pandemia?

Robson Ferri – Já venho falando em palestras, há um bom tempo, que o rádio precisa ser um fomentador de negócios e não apenas um executor. Se vender melhor, se posicionar e contar com inteligência em todas as áreas será fundamental. Acredito que o mundo pós COVID-19 estará mais aberto para quem realmente quer ser relevante e parceiro. Nós, como fornecedores de soluções, estamos desde o primeiro dia da pandemia investindo e adubando o terreno para colher mais resultados quando voltar a chover oportunidades no nosso solo de negócios. Torço demais para que o mercado de forma geral foque no que pode ter pós-pandemia, do que ficar vivendo esta crise intensamente. Ela já é uma realidade e não podemos mudar o hoje, mas podemos preparar um amanhã melhor!