Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

Pandemia e o futuro do trabalho

Por Comunicação. Publicado em 17/06/2021 às 15:19.

Após covid empresas apostam em trabalho híbrido, sistemas de rodízio, espaços de descanso e um olhar mais atento à saúde mental dos funcionários, diz especialista.

Por Fernanda Nardo.


Desde o início da pandemia as organizações precisaram se adaptar, se dividir e implantar novas metodologias de trabalho. De acordo com a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio) feita pelo Ibge (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em novembro de 2020, cerca de 7,9 milhões de brasileiros estavam trabalhando remotamente, o que equivale a cerca de 10% da população economicamente ativa. Quem não teve essa possibilidade, precisou adotar medidas de distanciamento e prevenção da covid.

Mesmo assim, mudar para o home office foi uma medida de urgência, e muitas empresas não estavam preparadas para atuar dessa maneira. É o que mostra  a Pesquisa de Gestão de Pessoas na Crise de covid-19, realizada pela FIA (Fundação Instituto de Administração), onde 67% das organizações entrevistadas enfrentaram dificuldades nesse tipo de modelo. Mesmo assim, 94% das empresas afirmam que o regime de trabalho remoto superou as expectativas.

Mais de um ano depois, algumas organizações já começaram a se movimentar para o futuro do trabalho, adotando medidas físicas como o trabalho híbrido, sistemas de rodízio de funcionários, espaços de interação e descanso e, também, um olhar mais atento à saúde mental e ao bem-estar dos funcionários.

A presidente da ABRH Paraná (Associação Brasileira de Recursos Humanos), Andrea Gauté, acredita no modelo híbrido. Para ela, empresas tradicionais irão praticar o home office, no mínimo, duas vezes por semana. “As empresas que não adotarem essa prática irão perder na atração e na retenção de talentos”, diz.

Segundo Andrea, a escolha pelo modelo híbrido depende do tipo de trabalho e da cultura organizacional, não existe certo e errado. Ela destaca que o fundamental neste momento é desenvolver os líderes da organização. “Não cabe mais o modelo comando e controle, com cobrança de horário, o fundamental é a produtividade, as entregas”, explica.  

Para a psicóloga, esse sistema híbrido favorece a interação com a equipe, a necessidade de socialização do ser humano, alinhamento de estratégias e direcionamento, no presencial. “Já em casa, o colaborador tem seu próprio ambiente, mais flexibilidade, não precisa ficar preso no trânsito. Essa combinação é benéfica e tem gerado bons resultados, tanto para as empresas quanto para o bem-estar dos colaboradores”.

Como garantir a segurança psicológica?

Muitas empresas estão optando pelo modelo híbrido, outras decidiram fazer rodízio para aumentar a sensação de segurança dos funcionários, mas também existem as organizações que optaram retornar com toda a equipe de forma física. Para Andrea, é preciso garantir que o ambiente esteja propício e seguro.

“Manter a distância de dois metros, exigir o uso de máscara, medição de temperatura, disponibilizar álcool em gel, ou seja, colocar em prática os protocolos de segurança e comunicá-los, para que as pessoas se ajudem nesse processo”, explica.

De acordo com a psicóloga, o retorno ao trabalho presencial deve ser gradual, para que as pessoas sintam-se acolhidas neste momento de medo devido à pandemia. Além disso, ela destaca que o diálogo é fundamental.

“Algumas empresas estão colocando psicólogas à disposição, porque muitas pessoas perderam seus entes queridos e até colegas de trabalho durante a pandemia. Fazer rodas de conversa sobre o tema, falar sobre a importância da saúde física e mental, promover lives e palestras online sobre temas relacionados, além de material educativo”.

Nesse último ano, o mundo ficou muito mecanicista, as pessoas se sentiram invadidas em sua privacidade, seja por meio do teletrabalho, tele estudo, no relacionamento com amigos e familiares. A psicóloga enfatiza que precisamos resgatar uma cultura de desempenho, mas principalmente, uma liderança mais humanizada e empática.  

“Se conseguirmos fazer das organizações um espaço mais fluído, dando espaço para que as pessoas possam ser o que realmente são, seja no modelo híbrido ou não, uma cultura pautada em resultados, mas de uma forma humanizada, garanto resultados extraordinários, com equipes felizes, e a retenção de talentos”, afirma.