Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

Como lidar com colaboradores estressados e reações adversas nesta pandemia?

Por Comunicação. Publicado em 20/08/2020 às 11:28. Atualizado em 24/09/2020 às 08:45.

Por Marinna Protasiewytch

É notório que o novo normal, a privação de encontros, aglomerações e, principalmente, a redução drástica de opções de lazer tiveram um grande impacto nas pessoas. Um estudo feito pelo Instituto de Psicologia da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) apontou que os casos de depressão praticamente dobraram desde o início da quarentena.

Dados coletados online entre março e abril pelo mesmo Instituto indicam que o percentual de pessoas com depressão saltou de 4,2% para 8,0%, enquanto para os quadros de ansiedade o índice foi de 8,7% para 14,9%. Estas duas doenças mentais têm sido classificadas por entidades como a OMS (Organização Mundial da Saúde) como o mal do século e uma das principais causas de afastamento no trabalho.

Para o vice-presidente da ABRH-PR, Gilmar Andrade é preciso perceber as mudanças na equipe para então poder atuar de forma certeira na saúde do trabalho. “No início da pandemia, não tenho dúvida que o rendimento das empresas caiu, mas foi necessário adotar estratégias para recuperar esta perda e também prestar auxílio aos funcionários, como o envio de aparelhos e móveis, em casos de home office” explicou.

“Diante de toda essa condição adversa que estamos vivendo de março até agora, os gestores precisaram realmente fazer a gestão de suas equipes. Mas agora, além de acompanhar processos e resultados,  precisam dar condições favoráveis e suporte aos colaboradores” afirma Hermine Luiza Schreiner, consultora e especialista na área de Recursos Humanos.

Adaptações de rotina

Muitos passaram a trabalhar em casa e os ambientes, muitas vezes, não eram os mais adequados. Isso é uma das causas do baixo rendimento e também do estresse diário do trabalhador. Além disso, filhos, cônjuges e animais domésticos passaram a fazer parte do cotidiano de trabalho. Só que a proximidade com a família e o lar trouxe também um afastamento dos colegas de trabalho e do ambiente corporativo.

Mas com todas estas mudanças e adaptações, às vezes, situações de desânimo ou estresse acabam surgindo mais do que o normal. “Precisamos ter bom senso, estas são as palavras de ordem atualmente. É preciso avaliar se o desânimo e estresse têm procedência, e se têm, é necessário dar um encaminhamento para o profissional e avaliar se há excesso de trabalho, um ambiente arrojado demais ou outra configuração que precisa ser ajustada” explica Hermine.

Já as reuniões se tornaram mais frequentes, mas precisaram trocar as tradicionais salas enormes e cheias de colaboradores por ligações, conversas por aplicativo ou até mesmo videoconferências. Os especialistas apontam que nunca foi tão necessário estar em contato com a equipe como agora. “Se a equipe fica longe do líder por muito tempo ela se sente desconfortável, por isso a videoconferência acabou fazendo parte também do estímulo, de olhar no olho e manter a sintonia do grupo” conta Gilmar.

“É necessário manter um ritmo de pelo menos uma reunião a cada dois dias, no fim do expediente para ouvir o colaborador. Pois assim, quando o gestor realmente faz seu papel de líder, não percebe no final que o trabalhador não fez o seu papel, percebe durante o processo e corrige isso” complementa Hermine.

Compreender e ter paciência

É preciso ainda compreender que cada um lida de uma forma com todas estas mudanças. Para manter a sanidade e o relacionamento interpessoal será necessário buscar a integração de todos. Segundo o vice-presidente da ABRH-PR, este período de afastamento das pessoas e mudanças de rotina tende a passar e assim muito do que foi vivido durante a pandemia deverá se tornar apenas um aprendizado.

“Faz parte da cultura da empresa se reunir, tomar um café, ir para um ambiente mais descontraído para socializar e para voltar com mais ênfase no trabalho. Isso tende a voltar aos poucos, as empresas já tem buscado políticas híbridas de trabalho e com isso as alterações de humor e até de respostas de funcionários e gestores tendem a voltar ao normal” complementa.

Sem o cafezinho ou o intervalo de jornada para que aconteça a interação entre os funcionários é necessário buscar outras práticas até que tudo se restabeleça. “A conversa, as reuniões precisam fazer parte da rotina para criar um ambiente inspirador para as pessoas, para que elas tenham oportunidade de falar das dificuldades, desafios e bons resultados. Buscar cases de sucesso dentro da própria empresa para mostrar que é possível lidar com tudo isso” afirma Hermine.