Saiba como criar um relacionamento com o cliente que vai se manter para além das plataformas
Por Amanda Yargas
Na última segunda-feira (04), as redes sociais ligadas ao Facebook tiveram um apagão que durou cerca de sete horas. As perdas financeiras da empresa estão estimadas em 5,9 bilhões de dólares, com queda de 5,83% na bolsa de Nova York.
Mas os prejuízos não atingem apenas a gigante da tecnologia. Além da interrupção na comunicação pessoal, a falha nas plataformas atingiu também pequenas e grandes empresas que utilizam as redes sociais como fonte primária de comunicação e vendas, incluindo as emissoras de rádio.
O episódio acende um alerta sobre como gerir o negócio e a interação com os clientes sem ficar vulnerável ou dependente de plataformas externas. “Temos que tomar cuidado com o reinado que a gente constrói em terrenos alugados”, reflete a professora Maria Carolina Avis, dos cursos de Gestão de Mídias Sociais e Marketing Digital da Uninter. Ela nos orienta a como adaptar a comunicação para aproveitar o máximo das redes sem se tornar reféns delas.
PASSO 1: Diversificação de plataformas
A professora aconselha usar formas de atender os clientes que não estejam ligadas à mesma empresa, como é o caso do Facebook, Instagram e Whatsapp. A dica é buscar alternativas como o Google Meu Negócio.
Na hora de escolher as redes sociais, é importante avaliar onde estão os clientes e saber que isso pode mudar a qualquer momento, seja por conta destas falhas técnicas, seja por conta da mudança de hábitos, que acontece cada vez mais rápido.
Além disso, a especialista reforça que é preciso administrar os contatos de forma independente destes canais, a partir de um banco de dados próprio. Isso garante que, na possibilidade de uma dificuldade de acesso às redes, ainda seja possível contactar clientes e fornecedores.
Maria Carolina Avis aponta que o site ou portal institucional ainda é a ferramenta que traz maior credibilidade e uma comunicação mais autônoma com o consumidor.
PASSO 2: Focar em conteúdo de valor
A professora indica que a comunicação deve estar baseada não apenas na divulgação do produto ou serviço prestado. A dica é trazer conteúdo autêntico, que vai além daquilo que se vende. “Se você só fizer divulgação de produto ou serviço, você só vai atrair atenção de quem já sabe que quer comprar aquilo. É uma parcela muito pequena”.
Ela ensina que é preciso criar desejo pelo que se oferece. Uma das formas de fazer isso é utilizar conteúdos editoriais, como em um jornal. Mas ao invés de ter seções amplas, como saúde, economia e política, a segmentação do conteúdo segue aspectos mais direcionados para o setor em que você atua. “Eu posso ter várias linhas editoriais como dicas, curiosidades, avisos e recados, outra para vender. Se você trabalhar em 80% do tempo conteúdo que vai agregar valor à vida das pessoas e, em 20% do tempo, a questão das vendas, isso eleva seu nível”, afirma.
Esta técnica de atrair clientes por meio do conteúdo é chamada de inbound marketing. “Dificilmente as pessoas vão ao Google e procuram ‘caneta fortalecedora de unhas com base vegana’. O que as pessoas pesquisam é ‘unha fraca o que fazer’, ‘problemas de enfraquecimento de unhas’, elas vão buscar informação”, explica Maria Carolina. Ela conta que esse é o comportamento típico do usuário na internet, passar por vários conteúdos e apenas depois decidir pela compra.
“Então o conteúdo é o que há de mais nobre no Marketing hoje, é a moeda do século 21”, reforça. Ela avalia que, mesmo que o negócio funcione bem apenas com conteúdo de venda, ele poderia vender muito mais agregando conteúdo. Para conseguir fazer isso, a especialista em Marketing Digital conta que uma boa forma é imaginar que o cliente tenha um problema e o seu produto ou serviço é a solução.
PASSO 3: Criar relacionamento
“Se essas redes sociais demorarem dias para voltar, será que meus clientes vão querer buscar por mim? Se as pessoas seguem mil pessoas no Instagram, será que vão sentir falta de quantos destes mil?”, questiona a especialista.
Segundo ela, isso tem relação com as pessoas utilizarem as redes sociais para fins de entretenimento. “Apesar de falarem muito que as redes sociais são vitrines, as pessoas acabam comprando ali porque tiveram muita vontade por conta do relacionamento. Canal de compra direta é e-commerce, rede social é para você ter conexão mesmo com as pessoas”, analisa.
Por isso, ela lembra que o mais importante é reforçar a imagem da sua empresa, a sua marca, que ela seja referência no seu ramo, para que ela seja lembrada pelos seus clientes, independentemente de qual canal ele esteja.