Por Marinna Protasiewytch
Durante a pandemia muitas mudanças têm acontecido tanto nos comércios e negócios locais quanto internacionais. A internet se tornou o principal canal de comunicação entre quem deseja vender um produto ou serviço e o seu público consumidor. A PapyPal, empresa de tecnologia de pagamentos online, surfou na onda da crise, já que está no mercado da internet desde os anos 2000 e pode se antecipar a mudanças inesperadas.
Em entrevista exclusiva à Aerp, Thiago Chueiri, diretor de desenvolvimento de negócios do PayPal Brasil contou quais foram as atitudes tomadas pela empresa quando a pandemia do século chegou e como a empresa conseguiu ter um crescimento de 30% nos piores meses para a economia mundial em virtude do colapso da saúde pública.
Qual foi a primeira atitude tomada pela empresa para enfrentar a pandemia da Covid-19 no âmbito dos negócios?
Thiago Chueiri: O maior impacto foi a migração de nosso time para trabalhar 100% de forma remota do dia para a noite. Estamos vivenciando algo inédito na história e tivemos de nos adaptar muito rapidamente para nos adequar a esta nova realidade. É nesse cenário que empresas como o PayPal, com mais de 19.000 colaboradores ao redor mundo, que estão conectadas ao cotidiano de seus clientes, devam agir como agentes de confiança. Somos uma empresa online, o que facilita muito a tomada de decisões, independentemente do cenário social ou econômico. Quando a pandemia começou, criamos uma iniciativa técnica composta por líderes de RH, TI e InfoSec para garantir que nossos colaboradores do centro de operações pudessem trabalhar remotamente com todo o suporte e tranquilidade.
O PayPal registrou um crescimento de 30% durante a crise econômica. Como foi possível se sobressair no mercado mesmo diante de uma pandemia?
TC: Estamos em uma posição privilegiada por ter um balanço financeiro robusto e um modelo de negócios que nos ajuda a enfrentar esse momento desafiador. Há um movimento global em direção aos pagamentos digitais, que data de muito antes da pandemia, e estamos bem posicionados para ajudar nessa transição. Como muitos comerciantes e consumidores tiveram de mudar sua forma de vender e comprar, passando a fazê-lo de forma 100% online, foi natural que players como o PayPal acabassem sobressaindo neste momento.
Quais resultados foram alcançados durante a pandemia?
TC: Nos últimos meses, o número de novos clientes que fizeram login no PayPal aumentou bastante no mundo inteiro, chegamos a ter mais de 250 mil novas contas criadas por dia entre abril e maio, um número histórico; em 1º de maio, registramos mais pagamentos online do que na Black Friday do ano passado, até então o nosso recorde. Fechamos o segundo trimestre do ano com resultados incríveis, os maiores da nossa história. Nossa receita global alcançou US$ 5,2 bilhões, crescimento de 22% em relação ao mesmo período de 2019; adicionamos mais de 21,3 milhões de contas no período (sendo 1,7 milhão de contas de lojistas), o que nos fez bater as 346 milhões de contas ativas no mundo inteiro, um aumento de 21% em relação ao mesmo período do ano passado; além disso, a companhia registrou 3,7 bilhões de transações de pagamento, aumento de 26%, e US$ 222 bilhões em volume total de pagamentos (TPV), 29% a mais do que no mesmo período do ano passado.
Qual visão de negócios a PayPal tem para um mundo pós covid-19?
TC: Ainda teremos alguma turbulência pela frente. Mas creio que sairemos, sim, mais próximos como sociedade e mais digitalizados como consumidores. Não vamos voltar ao que era antes. Não vamos usar mais tanto dinheiro e também creio que veremos os QR Codes se tornarem mais presentes nas lojas – porque já está acontecendo em diversos países do mundo, por causa da crise do coronavírus. No Brasil, devemos ter um aumento da demanda por pagamentos eletrônicos. Faz todo o sentido, já que, além dos cuidados que a população passará a ter no contato pessoal, os brasileiros são, desde sempre, entusiastas da tecnologia, aderem rapidamente a novas formas de se fazer as coisas no ambiente digital.
Se pudesse dar uma dica para as empresas brasileiras, sejam pequenas ou grandes, para enfrentarem esta crise, o que diria?
TC: A gente brinca que o fator que provocou a digitalização de alguns clientes foi a pandemia. Para muitos participantes deste setor comércio a crise levou a uma digitalização forçada. Não há como prever uma pandemia como a da covid-19, mas existem tendências e dicas que mostram o caminho para onde o consumo esta seguindo. Por exemplo, o aumento do seguimento mobile, aumento das vendas de smartphones, aumento do uso dos dispositivos móveis, de pesquisas que mostram e antecipam que essas pessoas vão se tornar consumidores através deste tipo de dispositivo. Para grande parte dos brasileiros o acesso à internet é pelo celular. Outro ponto extremamente relevante é a utilização das redes sociais como mais um canal que faz parte de uma empresa. Então estabelecer uma relação próxima, intimista, atender o consumidor de prontidão, também era uma tendência muito clara. Tudo isso só se intensificou na pandemia, então quem tinha entendido isso antes e investido nestes canais e na mobilização para isso, estava muito bem preparado. Então o empreendedor precisa estar muito bem antenado. A minha dica é: as tendências do consumidor estão ai e investir uma parte do lucro em novas tecnologias e novos canais acaba sendo um ponto que vai prepará-los para um momento que ainda esta por vir. Foi isso que a gente fez ao longo de muitos anos e só estamos vendo uma tendência que para nós era clara, mas que deveria ocorrer em 3 ou 4 anos e aconteceu em três meses.