A ansiedade e a angústia estão no topo da lista dos sentimentos neste período de pandemia para muitas pessoas, justamente por conta do isolamento social. Alguns recorrem à leitura, atividades como meditação, alongamento. Mas, uma grande da população mundial está recorrendo ao uso do áudio, em suas diversas formas, para se sentir reconfortado. É o que diz um estudo realizado pelo aplicativo Deezer, que disponibiliza músicas, podcasts e até acesso estações de rádio. A pesquisa foi feita com 11 mil pessoas da Alemanha, Arábia Saudita, Brasil, Egito, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos, França e Reino Unido, durante o mês de abril.
No Brasil, de acordo com os resultados, metade dos entrevistados está escutando mais músicas do que antes do período de confinamento. A justificativa para o aumento desse consumo é melhorar o humor e disfarçar a solidão. O sentimento que predomina entre os brasileiros é a ansiedade, que acomete 41% dos pesquisados. Ainda assim, 18% encara o período com otimismo.
Dos 11 mil entrevistados, 80% disseram que ouvem músicas para melhorar o humor e 34% para não se sentirem sozinhos (ou enfrentarem melhor a solidão). O poder do áudio e da música vai além. Para a neuropsicóloga do Instituto de Neurologia de Curitiba e doutoranda em medicina interna pela UFPR, Samanta Fabrício Blattes da Rocha, os recursos ativam uma parte do cérebro que atinge as nossas memórias afetivas.
“As músicas e áudios têm um impacto muito grande para as pessoas em todas as fases da vida. Especialmente durante este período de pandemia, a maior demanda é por aplacar a solidão, reduzir a ansiedade. As pessoas sozinhas hoje deixam o rádio ligado, escutam mais podcasts, músicas para ter uma voz diferente no ambiente, para usar isso como companhia, por estarem, de certa forma unida, com alguém”, explica.
A pesquisa mostra ainda que os audiolivros são usados para manter a positividade de 39% das pessoas e os podcasts são motivadores para realizar mudanças positivas para 37%. Quase metade dos brasileiros, cerca de 43%, entraram em contato com podcats pela primeira vez nesse momento de reclusão. Globalmente, as conexões diárias em podcasts sobre relacionamento aumentou em 145%.
“A música pode surtir vários efeitos: acalmar, deprimir, irritar ou alegrar. São as quatro emoções básicas desencadeadas pelos áudios em geral. Quando eles têm uma valência positiva, acalmam e alegram. Tudo vai depender das escolhas, dentro do contexto social e cultural de cada pessoa”, afirma Samanta Fabrício Blattes da Rocha.
O estudo realizado pelo aplicativo Deezer também constatou que as gerações Z e Y são as que se encontram mais deprimidas diante do momento atual: 19% da geração Z e 17% da geração Y sofreram quedas significativas de humor no início das medidas de confinamento e o mesmo foi diagnosticado em 7% do público com mais de 55 anos. Há uma diferença ainda entre as rendas. A população de alta renda tem duas vezes mais chance de consumir áudio para combater a solidão (79%) do que os de baixa renda (41%).
Por Grasiani Jacomini