Em entrevista, o Ministro Paulo Pimenta, pontuou que a democracia pressupõe uma participação ampla da sociedade na discussão dos temas de interesse público e a parceria com emissoras locais é fundamental neste processo.
Por Fernanda Nardo
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, disse em entrevista à Rede de Notícias Acaert (Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão), que pretende estabelecer políticas que favoreçam a diversidade na imprensa brasileira. O governo pretende estabelecer uma política de comunicação que busque compreender de forma eficiente a pluralidade do Brasil. Ele destacou que o país tem formas de comunicação diferentes, que levam em consideração a cultura local, realidades e territórios distintos e, por isso, é preciso ampliar a parceria com a mídia regional.
“Ao longo dos últimos anos o Governo Federal reduziu muito a parceria com a mídia regional, priorizando grandes plataformas e empresas de comunicação, no entanto, elas não cumprem o papel de fazer a informação chegar até as pessoas de diferentes realidades. É nas cidades que as coisas acontecem, e por isso, nós pretendemos reforçar a parceria com as rádios e com a mídia regional”, afirmou.
Uma pesquisa feita em 2018 pela ONG Repórteres Sem Fronteiras mostrou que o Brasil tem o pior cenário de pluralidade da mídia em 12 países analisados. O estudo apontou índices elevados de concentração da mídia, especialmente na televisão, em que as quatro principais redes – Globo, SBT, Record e Band – somam 71,1% de toda a audiência do país. A pesquisa ainda registrou a forte participação de grupos religiosos na mídia, com a revelação de que controlam nove das 50 maiores redes do país. Conforme Pimenta, para que haja democracia é preciso uma participação ampla da sociedade na discussão dos temas de interesse público, e para isso, o acesso à informação, com as características de cada região, é fundamental.
“O cidadão assistindo um telejornal na televisão pode até saber que vai ter uma campanha nacional de vacinação, por exemplo, mas ele não vai saber como irá funcionar na cidade dele. Essas informações ele só terá acesso por meio da rádio local. Por isso, acreditamos que do ponto de vista democrático essa parceria com os veículos locais é muito mais eficaz”, pondera.
O Ministro também reforçou a importância das entidades associativas de comunicação para o fortalecimento do setor de radiodifusão no país. “São uma forma de proteção para que os veículos locais sigam existindo e levando informações à população. As emissoras trabalhando de forma conjunta têm muito mais força para buscar seu espaço e reconhecimento. Por isso, vamos trabalhar cada vez mais para reforçar os laços com as associações”.
Outra situação inaceitável, de acordo com o Paulo Pimenta, é que recursos federais sirvam para financiar sites e canais que espalham notícias falsas e discurso de ódio. Neste sentido, o ministro destacou a importância da imprensa profissional para acabar com a epidemia de mentiras e desinformação.
“As fakes news são um desafio mundial. Por isso, estamos lançando uma grande campanha para combater as informações falsas e a mídia regional, em especial, as rádios podem nos ajudar muito a restabelecer canais confiáveis onde a população tenha confiança na informação”.
Regulação e Responsabilização das Plataformas – O ministro Paulo Pimenta ainda falou sobre a regulamentação das plataformas digitais, que ganhou ainda mais força, com a preocupação generalizada após ameaças e aos ataques contra alunos e professores em escolas pelo país. Ele destacou, inclusive, que o Governo Federal buscou o diálogo com algumas plataformas para que elas retirassem os conteúdos que exaltavam os atentados ou que estimulavam este tipo de atitude.
“Infelizmente algumas plataformas entenderam que este tipo de conteúdo não estava em desacordo com as suas políticas e isso vai nos obrigar a tomar medidas mais drásticas. Não podemos permitir que as pessoas atuem como se estivessem acima da lei, tanto no mundo real quanto no virtual, e saiam impunes. É preciso estabelecer regras neste sentido”, pontua Pimenta.
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