Por Marinna Protasiewytch
Em 1932, o rádio se tornou o primeiro veículo de comunicação a transmitir uma partida de futebol ao vivo. Um feito histórico e que revela a relação deste meio com o esporte. Porém outras modalidades sempre tiveram mais dificuldade em ganhar espaço na mídia, afinal o futebol é a paixão nacional.
Só que os esportes de quadra passaram a se apropriar, principalmente em cidades do interior, do rádio e a torná-lo o veículo oficial de suas partidas. “As rádios têm uma importância muito grande para nós do Franca Basquete, por muito tempo foi o único meio de comunicação que transmitia as partidas. E até hoje, mesmo com a televisão e as transmissões online, os torcedores continuam acompanhando os jogos por este canal”, conta Julia Abrão, assessora de imprensa do Franca Basquete. Na cidade de Franca, interior paulista, o engajamento da população é tão grande que tornou o município símbolo do basquete no Brasil.
Já no Paraná, a modalidade de quadra mais presente nas transmissões é o futsal. Com equipes fortes e competitivas em âmbito nacional, cidades como Palmas, Campo Mourão, Pato Branco e Francisco Beltrão entraram no mapa. “Nós somos privilegiados por ter três rádios que acompanham a equipe em todas as partidas, inclusive fora de casa, com viagens interestaduais” conta Adolfo Pegoraro, assessor de imprensa do Marreco Futsal.
Para quem cobre este tipo de evento, estar acompanhando o que há de melhor na cidade é uma das formas de trazer retorno ao rádio, seja em forma de audiência ou com contratos comerciais. “É uma maneira da emissora se inserir na comunidade, naquilo que mexe principalmente com a emoção e com a paixão do torcedor” aponta Marcelo Marcos Kieling, coordenador de jornalismo da Onda Sul FM de Francisco Beltrão.
A magia da quadra de esportes
Segundo Ludimar, da rádio Clube FM de Palmas, houve uma migração dos ouvintes que acompanhavam o futebol e que passaram a consumir o futsal. “Nos últimos 10 anos, existiu essa mudança e o ouvinte passou a acompanhar essa modalidade por ter a presença dela na cidade, então ele fica mais próximo aos clubes e as partidas do ginásio” explica.
Pela estrutura muitas vezes ser fechada, os estádios se transformam em verdadeiros coliseus, com um público cativado pela essência da proximidade com jogadores, com a própria imprensa e também com o jogo em si. “O ambiente da quadra acaba gerando mais emoção, o narrador fica mais próximo da torcida, o próprio jogador também está perto dos torcedores” exalta Marcelo Marcos Kieling.
Para Adolfo, a magia acontece ao ver os ginásios lotados e os torcedores com o tradicional radinho de pilha ao lado do ouvido. “A emoção do rádio é que leva o clássico das penas, entre Marreco e Pato futsal, para o Brasil. É muito comum também ver nas arquibancadas do Arrudão torcedores com o radinho colado no ouvido, aqui no interior isso ainda é uma tradição” conta.
Como forma de sintetizar a importância do rádio, das emissoras e da relação deste veículo com o esporte, França Nery, jornalista da rádio Musical Fm de Campo Mourão indica que “O rádio sempre foi o termômetro para os clubes, dentro e fora de quadra e é exatamente por isso que esta forma de parceria é tão importante para todos os envolvidos”, defende.