O país ocupa a 111ª colocação e caí para a “zona vermelha” do Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa dos Repórteres sem Fronteiras.
Por Fernanda Nardo
O ambiente de trabalho para os jornalistas no Brasil é considerado hostil, como mostra o Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa da ONG Repórteres sem Fronteiras, divulgado nesta semana. O país caiu mais quatro posições, passando da colocação 107 ª para a 111ª, e entrou na zona vermelha do Ranking, que sinaliza um país onde a situação da imprensa é considerada difícil. É o quarto ano consecutivo de queda do país, que em 2018, estava na 102ª posição.
O Ranking que mede as restrições de acesso e os entraves à cobertura jornalística coloca o Brasil na mesma situação de países como a Bolívia, Rússia e Turquia. De acordo com o diretor regional para a América Latina da ONG Repórteres sem Fronteiras, Emmanuel Colombié, fatores estruturais e históricos contribuíram para que o Brasil caísse na escala do ranking.
Ele cita, por exemplo, que o Brasil é o segundo país da América Latina com o maior número de profissionais da imprensa assassinados na última década. “Isso demonstra uma violência estrutural contra comunicadores. Além disso, também temos o sigilo da fonte regularmente prejudicado e jornalistas que são alvos de processos abusivos”.
Insultos, estigmatização, difamação e humilhações públicas de jornalistas se tornaram a marca registrada da classe política no Brasil. Estão nessa zona também a Índia (142º), o México (143º) e a Rússia (150º, -1), que usou a repressão para limitar a cobertura pela mídia. Para Colombié, o trabalho da imprensa brasileira se tornou especialmente complexo com o atual governo.
O ranking mostra também que a crise da Covid-19 desempenhou um papel na aceleração da censura na América Latina, criando sérias dificuldades de acesso às informações sobre a condução da pandemi pelos governos. No Brasil não foi diferente, o ambiente de trabalho dos jornalistas que já era complexo antes, piorou ainda mais.
Segundo Colombié, nada indica que a situação dos jornalistas irá melhorar nos próximos anos no Brasil. O que demonstra o grande desafio que a imprensa tem pela frente. “O caminho para enfrentar esses desafios aponta na direção da coragem e resiliência para seguir levando informações confiáveis ao público, e assim tentar recuperar a confiança no jornalismo de qualidade”, afirma.
Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa – Publicado anualmente desde 2002 pela RSF, com a finalidade de avaliar a situação da liberdade de informação nos 180 países listados. Além de revelar a situação atual da liberdade de imprensa, baseada na apreciação do pluralismo, da independência dos meios de comunicação, da qualidade do quadro legislativo e da segurança dos jornalistas.
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