Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

Relação com o trabalho em tempos de Covid

Por Comunicação. Publicado em 01/04/2021 às 11:42.

Profissionais enfrentam desafios para manter a saúde mental diante das novas formas de atuação. Especialistas dão dicas para aliar a rotina ao cuidado com a mente.

Por Fernanda Nardo


Vivemos a fase mais crítica da pandemia. A situação que parecia provisória estende-se mais do que o esperado, e apesar de todas as dificuldades, conseguimos nos adaptar a novas formas de convívio e trabalho. No entanto, estamos mais cansados e estressados do que nunca. 

Os profissionais da comunicação, jornalistas em especial, que já possuem rotina estressante, hoje estão imersos nas notícias sobre a covid e, muitas vezes, separar a vida profissional da pessoal se torna uma tarefa difícil. 

Uma pesquisa realizada em abril de 2020, pela FIJ (Federação Internacional dos Jornalistas), sobre os impactos do coronavírus, apenas no cotidiano dos jornalistas mostrou que mais de 60% dos entrevistados relataram o aumento da ansiedade e do estresse. Por isso, neste momento é ainda mais importante aliar o trabalho aos cuidados com a saúde mental para manter uma rotina mais equilibrada.

Para quem segue em home office o desafio é dar conta do trabalho, da rotina da casa, da família e de outras demandas. O psicólogo e terapeuta de Yoga, Rafael Buratto, diz que trabalhar em casa, na frente da tela do computador, gera uma sobrecarga além do normal.

“Não dá pra querer produzir o mesmo que em um trabalho presencial. É importante perceber o que é possível ou do que não se dá conta. Além disso, organizar o ambiente de trabalho, a rotina e fazer pausas são fundamentais”, diz.

Segundo a especialista em mindfulness no ambiente empresarial, Maria Cardoso, quando se percebe que o horário está estendido além do normal, a melhor opção é propor uma conversa honesta com seu superior e explicar a situação. “Como todos estão se adaptando, é importante construir em conjunto novas maneiras de trabalhar”, diz.

Ela destaca que em alguns casos o que contribui para o desgaste são as teleconferências e reuniões que se tornaram constantes e intermináveis. “Reuniões de até 30 minutos e com no máximo cinco pessoas são menos desgastantes. Ter objetivo e pauta também é importante para não se perder”, afirma Maria.

Existem pessoas que podem trabalhar de maneira remota. Enquanto outras precisam atuar presencialmente e, por isso, é normal que o medo e ansiedade sejam ainda maiores. Para Burrato, aumentar os protocolos de segurança gera mais confiança.

“É preciso olhar para o que é possível fazer no momento. Manter a distância, se deslocar de forma mais segura, evitar locais fechados, usar uma máscara de qualidade e álcool em gel. Isso ajuda a evitar o agravamento de emoções negativas e aumenta a sensação de segurança”.

Rotina, atenção e redução de estresse

Para manter a saúde mental, ser produtivo no trabalho e se sentir bem fisicamente é preciso seguir dicas básicas como cuidar do sono, comer de maneira saudável, se exercitar e tirar um tempo para ficar em silêncio.

“É preciso achar formas para melhorar esses aspectos, principalmente, o sono que é uma das maiores queixas no consultório ultimamente. Essas medidas protegem o nosso sistema físico e mental. São coisas simples, mas que na pandemia se tornaram um desafio.”.  

Outro aspecto importante é dar pausas durante o horário de trabalho. Buratto explica que cientificamente é comprovado que mantemos a concentração em média por 45 minutos.

“Esse é o motivo dos intervalos entre as aulas nas escolas. Por isso, a cada 1 hora mais ou menos, vale parar e ouvir uma música, tomar um chá, dar uma caminhada ou fazer um alongamento. Assim é possível se desconectar um pouco e retomar o trabalho com mais foco”, explica.

Maria Cardoso alerta que o principal é estar presente nessas pequenas tarefas. “Durante as mínimas ações também devemos estar atentos às experiências de forma receptiva e sem julgamento. Caso precise descer escadas, por exemplo, coloque sua atenção nisso”.

Segundo a especialista, a atenção plena nos livra das ruminações do passado e das ansiedades do futuro. Quando a mente está focada, ela fica naturalmente mais calma. Com isso, vamos ganhando tempo para olhar para as situações de um ângulo diferente.

“É possível olhar para o que está acontecendo de forma mais desconectada das emoções e tomar outro tipo de decisão, eu paro de reagir e começo a responder. Se entro em um emaranhado de emoções como a ansiedade e o desânimo, fica difícil responder de maneira adequada as situações”, afirma.   

A ansiedade se reflete no nosso corpo em forma de tensão. Parar e respirar por 2 minutos, algumas vezes ao dia, amplia a nossa capacidade de nos conectar com o momento presente. “Outra dica é fazer movimentos circulares com as mãos, ombros e com a cabeça, sincronizando a respiração aos movimentos, observando se existe tensão, relaxando sempre”, ressalta a especialista.

Prática de Atenção Plena

·         Sente-se com a coluna ereta;

·         Feche os olhos;

·         Comece a observar a respiração;

·   Mantenha a concentração no caminho que a respiração faz no corpo (na passagem do ar pelas narinas, expandindo o peito e abdômen e depois esvaziando);

·         Ou se concentre em um ponto específico, por exemplo, a região do peito;

·         Cada vez que houver distração, leve novamente sua atenção para respiração;

·       Você pode fazer isso por dois ou três minutos, quantas vezes conseguir ao longo do dia.