Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

“Se eu tenho uma liderança ultrapassada eu não gero comprometimento”

Por Comunicação. Publicado em 23/07/2020 às 09:58. Atualizado em 31/07/2020 às 09:49.

Saber liderar é uma das habilidades mais importantes para as pessoas que trabalham em equipe.  Para entender a importância da liderança emocional a Aerp entrevistou com exclusividade Rodrigo Fonseca, CEO da SBIE (Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional). Segundo ele, o verdadeiro líder tem uma preocupação mais ampla do que somente conduzir um grupo de pessoas. Ele é aquele indivíduo que busca entender o impacto de suas ações na equipe, empresa e nas demais áreas da sua vida. “Por traz de cada colaborador existe uma história de vida. O líder deve buscar uma conexão com a história de cada um. Esta permite uma troca mais verdadeira”.

O que é a liderança emocional?

Rodrigo Fonseca – Liderança emocional é olhar para o lado de fora, o aparente, mas acima de tudo, olhar para o que acontece no invisível, no campo emocional. Se o líder consegue ver o que não é dito pelas palavras, na maioria das vezes, mas que é expresso no comportamento dos colaboradores, ele irá identificar o que motiva, estimula e inspira sua equipe. O que inspira uma pessoa da equipe não é necessariamente aquilo que inspira quem está ao lado. Quando isto acontece, o líder consegue ver o mundo invisível de cada integrante de sua equipe e usar esse mundo das emoções a favor da pessoa e do time.

Quais são as competência e habilidades que um gestor precisa ter desenvolvidas para sair desta crise com resultados positivos e ainda mais fortalecido?

Rodrigo Fonseca – Primeiramente é preciso liderar as próprias emoções, para estar bem, equilibrado emocionalmente. Infelizmente, a grande maioria das pessoas entrou em desespero com a pandemia, pois ela despertou um dos maiores medos que humanidade tem que é o medo da morte. O segundo ponto é empatia, para que você possa entrar “nos sapatos” do outro, perceber o que o outro está sentindo, e como ajudar para que ele saia do ciclo de dor, medo, angústia, raiva, tantas emoções que foram afloradas nesta pandemia. E outro ponto muito importante é a tomada de decisão, ela precisa ser muito mais rápida. Os líderes precisam estar aptos a tomarem decisões baseadas no “feeling” (sentimento intuitivo). Se o gestor for analisar demais os fatos, tudo o que ele analisou já mudou, pois tudo está mudando muito rápido. É claro que é preciso se ater aos fatos para a tomada de decisão, mas é preciso confiar na intuição. A pandemia mudou muito as coisas. Vamos migrar para uma liderança mais igualitária, inclusiva, co-participativa sem essa distância de hierarquia que existia na antiga liderança.

O que acontece quando os líderes não são emocionalmente inteligentes?

Rodrigo Fonseca – Primeiro ele deixa de tomar decisões importantes e de acompanhar as alterações de mercado. Segundo, perde a equipe porque hoje as pessoas estão muito mais antenadas sobre o que está acontecendo no mercado, há outras opções de trabalho. Se eu tenho uma liderança ultrapassada antiga, não gero comprometimento.

Quais as dicas para o líder se desenvolver emocionalmente?

Rodrigo Fonseca – Além de se conectar emocionalmente com suas raízes, o líder precisa entender que por traz de cada colaborador de sua equipe tem uma história de vida. Ele deve buscar uma conexão com a história de vida de cada colaborador, muito mais do que as habilidades técnicas dele. Essa conexão permite uma troca mais verdadeira. O liderado hoje, só vai permanecer na empresa enquanto ele sentir e perceber que ele está contribuindo e aprendendo. Quando ele perceber que só está dando, é a hora que ele começa a sair da empresa. Quanto mais alinhado o propósito da pessoa estiver a com o da empresa mais ele irá entregar.