Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

As rádios têm papel fundamental na campanha do Setembro Amarelo

Por Comunicação. Publicado em 03/09/2020 às 10:32. Atualizado em 24/09/2020 às 08:52.

Por Marinna Protasiewytch

Segundo um levantamento feito pelo Google Trends os brasileiros buscaram três vezes mais pelo termo “ansiedade” durante a quarentena do que na média dos últimos 16 anos. Entre janeiro e julho a busca pelo termo foi 191% maior do que a média registrada entre os anos de 2004 e 2019. Este movimento acendeu um alerta que já vem sendo feito há anos com a campanha de prevenção ao suicídio chamada de Setembro Amarelo.

Para a psicóloga cognitiva comportamental Maysa Gonçalves o período de pandemia tem contribuído para a atenuação dos sintomas de depressão, ansiedade e outras doenças mentais, o que torna ainda mais importante falar sobre o tema. “A campanha visa quebrar um tabu sobre o suicídio e divulgar sintomas, comportamentos e atitudes que devem ser observadas. E isso é muito importante já que há indícios de que durante este momento de pandemia o número de casos de suicídio cresceu, em decorrência do medo, do isolamento, do distanciamento e tantas outras novas condições que fomos sujeitados” explica Maysa.

Os números oficiais não são divulgados como forma de conter os aumentos de casos por exposição. Mas o fato é que o assunto precisa ser discutido para que exista a empatia e o entendimento de quais recursos as pessoas têm disponíveis. “A Organização Mundial da Saúde estima que mais 800 mil pessoas morrem por suicídio por ano, é um número muito alto para um problema que existe tratamento. Nesse momento de pandemia, embora não tenhamos ainda muitas informações, o isolamento e o desemprego fazem com que essa campanha seja muito importante nesta hora” afirma o psicólogo Felipe Riboli.

Importância do setembro amarelo no rádio

As ondas do rádio levam diariamente para as casas dos ouvintes, junto com a voz dos locutores, entretenimento e informação. Uma companhia para aqueles que trabalham sozinhos ou que se desligam do mundo e se conectam com a programação. “Quando a gente fala de suicídio e de saúde mental, a informação é primordial e pode ser o que vai fazer a diferença no tratamento de uma pessoa. Então a rádio assumir essa função social, que é relevante, é importante para a sociedade como um todo e falar sobre o suicídio e os seus sintomas não é algo que incentiva a prática e sim uma forma de preveni-la” destaca Natalia Bresolin, psicóloga clínica.

A programação e o conteúdo do rádio podem fazer a diferença no combate e prevenção ao suicídio, não só durante a campanha do Setembro Amarelo. “Divulgar os sintomas, os sinais, os meios para se obter ajuda, os canais de atendimento como o CVV (Centro de Valorização à Vida) , os números de telefone para que as pessoas possam entrar em contato e dispor de profissionais quando o assunto for debatido, para que aconteça de maneira coerente e correta e com a sensibilidade que exige” exemplifica Maysa.

O que é necessário saber sobre o tema

O suicídio é um problema de saúde pública e uma das principais causas de morte no mundo: a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, segundo a Organização Mundial da Saúde. Falar sobre o tema é a melhor forma de preveni-lo.

Saber os sintomas que as vezes antecedem o ato é primordial para uma rede universal de ajuda. Por isso, separamos algumas atitudes, com ajuda dos especialistas, que podem indicar que alguém próximo esteja precisando de ajuda:

– Distanciamento/isolamento do convívio social com família, amigos, etc;

– Mudanças bruscas de hábitos, como piora na alimentação;

– Disfunções do sono, tanto uma sonolência maior quanto insônia;

– Longos períodos de indisposição e desanimo;

– Problemas de conduta e queixas de desesperança;

– Frases pessimistas e depressivas.

“É preciso falar sobre a relevância dessas queixas de se sentir só, se sentir desamparado, considerar até mesmo as expressões verbais de intenção de tirar a própria vida. Mas nem sempre estes sintomas aparecem ou acontecem, por isso quando é possível notar qualquer um destes relatos é necessário pedir ajuda de um especialista e direcionar a pessoa para um atendimento especializado” explica Maysa.

Acompanhe também o nosso programa especial da Rede Aerp de Notícias o “Em Pauta” sobre o Setembro Amarelo.

No site da campanha www.setembroamarelo.com é possível baixar e utilizar vários materiais produzidos para ajudar na divulgação e conscientização, de forma gratuita.