Crescimento setorizado sinaliza oportunidades para retomada de contatos comerciais e novas prospecções.
Por Germano Assad
O varejo paranaense segue confirmando tendência de retomada da economia local. Sondagens e estudos realizados por entidades ligadas ao comércio indicam boas perspectivas com a proximidade do Natal e a esperança de disponibilização de vacinas contra o coronavírus.
Pela primeira vez no ano, um mês de 2020 (setembro) teve crescimento em relação ao mesmo período de 2019, pouco menos de 2%. A notícia, revelada por pesquisa conjuntural da Fecomércio PR (Federação do Comércio do Paraná) com amostragem de mil empresas do estado, é muito positiva – apesar de circunstancial. Para o diretor do Senac PR, Rodrigo Rosalem, é preciso diferenciar o atual momento.
“O que tem de diferente nesta análise é que a gente vê uma discrepância muito grande entre segmentos. Existem segmentos com crescimentos altíssimos na ordem de 20%, 25%, como é o caso de material de construção, por exemplo, de 10% nos supermercados, por outro lado, há 30%, 35% de queda no setor de vestuário e calçados. Então é um crescimento, mas não é um crescimento econômico linear, que acontece em todos os setores. Tem uma diferença muito maior, pelo momento da crise, de um setor para outro do que em um mês convencional”, explica.
O presidente da ADVB-PR (Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil) Ney Emílio Braga Alves entende que o natal ainda é a data mais importante para o varejo, seguido pelo dia das mães. E não nega o otimismo em relação à “boa” injeção que as compras de final de ano darão na economia, e, por conseguinte, no mercado publicitário. Ainda assim, prevê o retorno dos investimentos em propaganda ao patamar de 2019 apenas no ano de 2022.
A opinião de Braga Alves é baseada nas sondagens realizadas pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) a nível nacional, com profissionais de vendas e marketing para entender as expectativas com relação ao ano de 2021. O estudo mostra que, para a maioria dos consultados, os investimentos em anúncios e campanhas em 2021 serão semelhantes aos de 2020. “Estes índices, que apontam para uma manutenção, estão em sintonia com outras pesquisas às quais tivemos acesso, referentes às expectativas de investimento em mídia nos mercados americano e inglês”, complementa.
Oportunidades
Três pontos dos estudos patrocinados pela Fecomércio PR e ADVB PR merecem atenção especial por parte dos executivos comerciais de emissoras: o crescimento setorizado, o aumento na intenção de compras pela internet e o ticket médio de compras bem maior do que em anos anteriores.
“Setores em crescimento acentuado, nos quais a demanda por produtos tem aumentado, tem buscado maior visibilidade comercial. A gente vê supermercados investindo muito em mídia, setor da construção, imobiliário, também. Mas vestuário menos”, observa Rosalem. Portanto, focar a prospecção nos setores que estão em alta, e pensar condições diferenciadas para manter ou conquistar anunciantes de setores com recuperação mais lenta, ou ainda em queda, pode ser um bom caminho.
Isto porque todo comércio precisa de visibilidade, independente do momento. E o rádio segue sendo parceiro estratégico do setor. “O meio chega a cantos do Brasil que nenhum outro chega. O rádio é gratuito, não consome banda de internet. É dinâmico. É direto. Ainda é, e sempre será, um meio de extrema importância para as marcas”, ressalta o presidente da ADVB PR. Para ele, ao oferecer campanhas e experiências “transmídia” aos anunciantes, emissoras podem se aproximar das grandes plataformas de comércio online.
“Na nossa sondagem de natal, por exemplo, a intenção de compra pela internet dobrou do ano passado para esse, de 13 para 26%. Isso mostra que tem sim uma mudança de comportamento, o consumidor ainda gosta da loja física, de ver o que está comprando, pegar, experimentar, mas muitos que não tinham tido a experiência de compra pela internet antes da pandemia, agora por uma questão de falta de opção tiveram que fazer”, observa o diretor do Senac PR, Rodrigo Rosalem.
Por fim, o dado mais surpreendente das pesquisas, diz respeito ao aumento do ticket médio na intenção de compras de presentes, que disparou de R$ 285 para R$ 410,63, aumento de 44% em relação a 2019. Fenômeno que não se limitou ao natal, e tem explicação nos efeitos psicológicos da pandemia. “Vimos isso em todas as datas comemorativas deste ano, uma tendência de aumento do ticket médio. O percentual de entrevistados que diziam que iriam gastar até R$ 100 com presente caiu significativamente, para 11,7%. Esse número ano passado era maior, na casa dos 14%. Isso se dá por causa justamente da pandemia, da menor possibilidade de convívio familiar, de relacionamento com amigos e familiares, o presente acaba sendo uma forma de compensar essa ausência, de demonstrar esse carinho”, justifica.