O Ministério Público Federal e a Polícia Federal investigam um esquema de privilégios a presos da Operação Lava Jato no Complexo Médico-Penal (CMP), em Curitiba. As suspeitas são que um seleto grupo, formado por políticos, ex-executivos e lobistas que teriam acesso a aparelhos de telefone celular, internet, visitas íntimas, comida exclusiva, serviços de cozinheiro, segurança e zelador particulares. Além de usarem “laranjas” em cursos e trabalhos que servem para redução de pena. Uma carta de 47 páginas, escrita à mão de dentro do complexo penal e entregue à Justiça e à força-tarefa da Lava Jato, reativou, no início deste ano, uma apuração aberta em 2016 sobre um suposto regime especial de prisão. Ao todo, a carta enumera 27 “fatos” – supostas ilegalidades ou infrações disciplinares que beneficiariam o grupo. O Complexo Médico-Penal é um presídio localizado em Pinhais, sem muralhas. Com capacidade para 659 presos, a unidade abriga hoje cerca de 730, passou a abrigar os detentos da Lava Jato em 2015, após a carceragem da PF se tornar pequena para o crescente número de detidos nas operações. Atualmente, são 52 presos da Operação, deles, 12 presos condenados pelo juiz federal Sérgio Moro estão no CMP. Entre eles, o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ), o ex-deputado petista André Vargas, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o ex-assessor parlamentar do PP João Cláudio Genu, os dois últimos chegaram na quarta-feira passada, dia 20, após confirmação de suas condenações em segunda instância. Vargas é suspeito de ser o líder do grupo, com poderes de mando dentro do CMP. Nem os procuradores, nem a PF comentam as investigações em andamento. A defesa de Vargas disse que desconhece eventuais benefícios ao ex-deputado petista.