A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou, nesta quinta-feira (23), que vai contraindicar a vacina da dengue para pessoas que nunca tiveram contato com o vírus. Segundo a Anvisa, a vacina pode aumentar o risco de que a doença, se contraída por essas pessoas, apresente sintomas mais graves. A decisão afeta a distribuição da Dengvaxia, fabricada pelo laboratório francês Sanofi. Ela é a única vacina da dengue com registro no Brasil e é aplicada na rede privada de saúde. A exceção é o Paraná, onde o governo estadual decidiu fornecer a vacina na rede pública. De acordo com a Anvisa, a Sanofi terá 30 dias para adequar a bula eletrônica e enviar orientações para os locais onde a vacina já está sendo usada. A decisão de contraindicar a vacina para quem nunca entrou em contato com o vírus da dengue é baseada em um estudo clínico feito pela própria Sanofi. De acordo com a análise, para cada mil pessoas soronegativas vacinadas, cinco foram hospitalizadas com dengue, e duas desenvolveram dengue grave. O estudo da Sanofi é claro: esses casos de dengue não foram causados pela vacina, e sim, pela picada do mosquito Aedes aegypti. O problema está ligado a um outro fato, que já era de conhecimento dos médicos: quem já teve dengue e é infectado novamente tem maior chance de desenvolver uma variação mais grave da doença, lembrando que essa contraindicação não é exatamente uma proibição para que a vacina seja administrada. Segundo a própria Anvisa, é possível que, em alguns casos, o médico responsável considere que o “custo-benefício” da imunização ainda compensa. Pacientes que não sabem se já tiveram dengue devem procurar uma unidade de saúde para um teste de sorologia. Se o teste for negativo, a Anvisa recomenda que a vacina não seja administrada.