Os casos de agressões contra as mulheres dentro de casa ficaram mais recorrentes durante a pandemia. Mas o isolamento dificulta que as vítimas façam a denúncia e por isso é preciso que mesmo distantes, amigos e parentes estejam atentos.
O isolamento social provocado pela pandemia de coronavírus preocupa as entidades atuantes na defesa de mulheres em situação de violência doméstica. De acordo com a coordenadora-geral da Casa da Mulher Brasileira, Sandra Praddo, as agressões ficaram mais recorrentes e mais graves durante a pandemia, mas elas já existiam antes.
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A desembargadora Priscilla Placha Sá é coordenadora da Cevid, a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça do Paraná. Ela pontua que a violência contra as mulheres é estrutural, ou seja, não é um caso isolado, mas um fenômeno social.
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Um dos aspectos deste fenômeno é que as mulheres acabam procurando apoio só quando sofrem uma violência física. Entre as 643 mulheres que foram até a Casa da Mulher Brasileira em Curitiba e fizeram uma denúncia em abril, 90% delas nunca tinha denunciado outros tipos de abusos que ocorriam há anos, como conta a coordenadora-geral da instituição, Sandra Praddo.
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Com a pandemia, somam-se a estes fatores o medo de contágio pelo novo coronavírus ao sair de casa, o desconhecimento de que os serviços de proteção continuam funcionando e a vigilância constante do agressor. Por isso o Tribunal de Justiça adotou algumas ações para reforçar o sistema de proteção, como a prorrogação automática de medidas protetivas, a análise de medidas protetivas de urgência mesmo sem o registro policial, e o formato digital para os procedimentos judiciais. Além disso, o TJ promove também campanhas para divulgar informações, esclarecer sobre os serviços de atendimento e conscientizar as mulheres que sofrem de violência sobre a situação e como buscar ajuda, nas quais tem a Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (Aerp), como parceira. Neste momento de pandemia, é ainda mais comum que as mulheres não consigam acessar os sistemas de atendimento e é preciso contar com vizinhos, amigos, familiares e colegas de trabalho, que devem estar atentos a sinais de perigo, como reforça a coordenadora da Cevid, Priscilla Placha Sá.
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Todas as instituições de atendimento à violência contra a mulher estão funcionando normalmente. Os telefones 180 e 190 funcionam 24 horas, assim como as Delegacias de Polícia e a Casa da Mulher Brasileira.
Repórter Amanda Yargas