
Mais de 5 milhões de jovens com 16 e 17 anos não possuem o documento; pesquisadora aponta a polarização da política e falta de esperança como fatores que contribuem para a falta de interesse deste público.
Por Fernanda Nardo
O Brasil encerrou o mês de março com apenas 1,05 milhão de pessoas de 16 e 17 anos com título eleitoral, o que representa 17,32% da população nessa faixa etária. O engajamento dos jovens é o menor registrado para a época desde 2004, momento em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) passou a fazer levantamentos mensais. Há quase um mês do prazo para regularizar o título, que vence no dia 4 de maio, mais de 5 milhões de jovens com 16 e 17 anos não possuem o documento. A professora de Direito Constitucional e Eleitoral da Universidade Federal do Paraná, Eneida Desiree Salgado, pontua alguns fatores que contribuem para a falta de interesse dos jovens pela política na atualidade.
SONORA
Os jovens são a favor do voto, mas não sentem que ele seja uma ferramenta democrática suficiente para alcançar mudanças. Essa é uma das conclusões do relatório Juventude e Democracia na América Latina, encomendado pela organização de filantropia global Luminate. Segundo o estudo, os jovens valorizam a política e a participação social, mas enxergam com desconfiança os partidos e políticos e preferem se engajar em causas concretas. Para eles, a política seria corrupta, desconectada do povo, centrada em interesses próprios e pouco aberta à participação. Essa movimentação dos jovens em outros terrenos, que não apenas o político é importante, mas ao mesmo tempo o desinteresse pela política acaba engessando essa esfera, que poderia se tornar mais aberta e plural com a participação dos jovens na escolha de candidaturas que os representem, pontua Desiree.
SONORA
O estudante Felipe Virmond de Lima, de 17 anos, já tirou o título e acha fundamental a participação do público jovem na decisão política. Mas ele acredita que a polarização atual é um dos motivos do desinteresse de parte dos jovens pela política.
SONORA
A pesquisa Juventude e Democracia na América Latina, lançada em janeiro deste ano, entrevistou pessoas entre 16 e 24 anos do Brasil, México, Colômbia e Argentina, com o objetivo de mostrar como se relacionam com a política.