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Ômicron é o vírus com transmissão mais rápida da história

Por Jornalismo. Publicado em 04/01/2022 às 18:17.

Diversos especialistas que estudam o coronavírus responsável pela covid-19 e suas variantes chegaram a conclusão que nenhum outro vírus se espalhou mais rápido do que a atual cepa, a Ômicron. Os detalhes na reportagem. 

 

por Amanda Yargas

 

A variante Ômicron pode ser o vírus de transmissão mais rápida da história. A conclusão é comum a vários especialistas, um deles é o médico infectologista e pesquisador Roby Bhattacharyya, do Hospital Geral de Massachusetts. Ele comparou a cepa com o sarampo, um dos vírus mais contagiosos que existe. Bhattacharyya avaliou que, em um cenário sem vacina, o vírus do sarampo leva 12 dias para tornar um infectado contagioso, contaminando outras 15 pessoas. Na Ômicron, esse período para o novo infectado se tornar contagioso é muito menor, de 4 ou 5 dias.  Assim, em 4 dias haveria 6 novos casos, que dariam origem a 36 em 8 dias e 216 em 12 dias, um total de 258 casos no mesmo período dos 15 causados pelo sarampo. 

Mas, no cenário real, a Ômicron vai encontrar pessoas vacinadas e que já tiveram a covid-19, desacelerando sua transmissão. Por isso, a estimativa é que uma pessoa infecte mais outras 3, índice similar ao da cepa original. Isso ainda é preocupante, considerando a rápida difusão da covid-19 quando foi descoberta. Segundo os cálculos de Bhattacharyya, a Ômicron pode causar em 60 dias 14 milhões de novas infecções a partir de um único caso.

Para o epidemiologista William Hanage, co-diretor do Centro de Dinâmica das Doenças Transmissíveis da Universidade Harvard a Ômicron é sem dúvida o vírus com a trasnmissão mais rápida entre os que já foram investigados com esse nível de detalhe.  

O médico e historiador Anton Erkoreka, que pesquisa epidemias do passado, comparou a covid-19 com a chamada gripe russa, que em 1889 também levou 3 meses para atingir todo o mundo. No entanto, a Ômicron, se espalhou pelo planeta em cerca de apenas um mês, um recorde.   

Outra característica da variante é uma infecção mais branda do que a causada pela Delta, mesmo assim, segundo o epidemiologista Battacharyya, em pessoas não vacinadas e que não tiveram covid anteriormente, a gravidade é apenas cerca de 25% menor. Até agora, seis estudos em fase preliminar sugeriram que a Ômicron tem maior facilidade de invadir as vias respiratórias altas, mas menor capacidade de infectar os pulmões, o que pode explicar a sua maior capacidade de infecção e menor letalidade.

Mesmo com possibilidade de ser menos grave, com a rápida capacidade de transmissão a ômicron ainda é uma variante de preocupação e que pode lotar os serviços de saúde e provocar infecções severas. Por isso, a Organização Mundial de Saúde insiste que não é hora de baixar a guarda e sim, de manter as medidas de contenção da doença.