A Petrobrás anunciou que vai encerrar as atividades da subsidiária que produz fertilizantes em Araucária, na região metropolitana de Curitiba. Com a decisão quase 400 funcionários vão perder o emprego. O sindicato que representa os trabalhadores afirma que vai tentar reverter a decisão da estatal, que vai contra o acordo coletivo da categoria. Confira na reportagem de Amanda Yargas.
396 pessoas vão ser demitidas pela Petrobrás que anunciou ontem a hibernação da subsidiária Araucária Nitrogenados S/A. Segundo a companhia, a fábrica de fertilizantes apresenta prejuízos desde 2013, ano em que foi adquirida. Entre Janeiro e setembro do ano passado foram 250 milhões de reais e para este ano as perdas estavam estimadas em mais de 400 milhões. A Petrobrás informou que a matéria-prima utilizada na fábrica, o resíduo asfáltico, está mais cara do que seus produtos finais, a amônia e a ureia e que as projeções para o negócio continuam negativas. A ANSA é a única fábrica de fertilizantes do país que opera com esse tipo de matéria-prima. No entanto, o Sindiquímica Paraná, que atende a categoria, informou que a matéria prima é adquirida da própria refinaria da Petrobrás e que o valor é resultado de um desinteresse da atual gestão em manter o negócio, como explicou o diretor sindical, Rodrigo Cesar Maia.
Nos últimos dois anos a fábrica esteve à venda e passou por um processo de desinvestimento, conforme a própria Petrobrás. A empresa também anunciou que a chamada hibernação da fábrica atende à estratégia da companhia de focar em ativos que gerem maior retorno financeiro. Outras duas empresas do mesmo ramo já tinham passado pelo mesmo processo, uma na Bahia e outra em Sergipe. Segundo o sindicato mais de mil famílias vão ser diretamente atingidas, já que além dos cerca de 400 funcionários, a medida afeta mais 600 terceirizados. E eles consideram que a cidade de Araucária também vai sofrer diretamente o impacto que deixa de arrecadar os impostos da subsidiária. Segundo Rodrigo Cesar Maia, o sindicato trabalha para reverter a decisão, já que o acordo coletivo proíbe a demissão em massa.
A Petrobrás informou que a fábrica vai ficar em condições que garantam total segurança operacional e ambiental, além da integridade dos equipamentos. Já em relação aos funcionários desligados, a empresa disse que vai pagar, além das verbas rescisórias legais, um pacote adicional composto de no valor de 50 mil a 200 mil reais, proporcional à remuneração e ao tempo trabalhado e ainda vai manter plano médico e odontológico, benefício farmácia e auxílio educacional por até 24 meses, e uma assessoria especializada em recolocação profissional. Mas o diretor sindical Rodrigo Cesar Maia disse que o sindicato repudia a postura de demissão e que o pacote de benefícios oferecido pela empresa não atende as necessidades dos funcionários, já que não as fábricas de fertilizantes são escassas no país e isso dificulta a recolocação profissional para a maioria deles. De acordo com ele, a estratégia da Petrobrás fere não apenas o interesse regional mas também a soberania econômica nacional.
Repórter Amanda Yargas