Da cana-de-açúcar às pirâmides do Egito. Essa é a dimensão histórica de tecnologias africanas apropriadas ao longo dos séculos por colonizadores brancos. Uma pesquisa do Departamento de Engenharia Mecânica da UFPR, trouxe essas inovações a público e explica como o racismo estrutural afetou esse apagamento.
por Paula Bulka
sob supervisão de Chirlei Kohls e Vinicius Carrasco
parceria Rede AERP de Notícias e Agência Escola UFPR
Afinal, quem está por trás das pirâmides de Gizé no Egito? O que não falta são teorias da conspiração que tentam explicar como o homem foi capaz de desenvolver uma tecnologia tão avançada muito antes de Cristo. Ajuda alienígena? Para os pesquisadores da Universidade Federal do Paraná, o simples questionamento sobre autoria das pirâmides já mostra o poder devastador do racismo estrutural na nossa sociedade.
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Quem explica é o professor do Departamento de Engenharia Mecânica da UFPR, Harrison Lourenço Corrêa. Ele faz parte do Núcleo de Pesquisa de Relações Raciais, Ciência e Tecnologia, o Nupra. O grupo foi criado em 2018 dentro do Setor de Tecnologia da Universidade para que os alunos negros e pardos pudessem se sentir parte do meio acadêmico e se espelhar em outros engenheiros negros e tecnologias marcadas na história. Uma das pesquisas publicada recentemente pelo professor e pelo estudante Felipe dos Santos Almeida expõe uma série de conhecimentos e descobertas do povo africano apropriadas por homens brancos.
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O artigo científico mostra que as tecnologias para o plantio da cana-de-açúcar e também para a mineração já eram desenvolvidas pelos povos africanos em seu continente. Aqui no Brasil, eles aprimoraram a técnica. O problema é que muitas dessas tecnologias foram repassadas no boca a boca, dando abertura para que os europeus colonizadores creditassem essas ideias como suas.
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Durante a elaboração da pesquisa alguns obstáculos surgiram no caminho. Segundo Felipe, a maior dificuldade foi encontrar outras pesquisas e documentos sobre tecnologias africanas que pudessem ajudar na elaboração do artigo. A falta de debate sobre o tema dentro das universidades só demonstra a importância de trazer essas informações à tona, como reforça o estudante Felipe.
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A importância da pesquisa do Felipe e do Harrison vai além da divulgação de conhecimentos seculares ocultados pelos livros de História. Por trás das pirâmides e da cana-de-açúcar, o artigo fala sobre pertencimento. Enxergar na ciência a diversidade e a inclusão.
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