Após longo período em casa, profissionais podem sofrer com a Síndrome da Cabana
Por Giovana Massetto e Amanda Yargas
Gradativamente, a sociedade e empresas estão retomando as atividades normais, mantendo as regras de distanciamento social. De acordo com a última pesquisa apresentada pelo IBGE (PNAD COVID-19) em setembro, apenas 2,7 milhões de pessoas permaneceram afastadas do trabalho devido ao distanciamento social. No período de maio a setembro, 13,8 milhões de trabalhadores formais retornaram gradualmente aos seus postos.
O resultado, indica a tendência do retorno de forma gradual, que inclusive, como apresentado na matéria já publicada (Cuidados trabalhistas no retorno às atividades presenciais), pode ser realizada a qualquer tempo, de acordo com a necessidade da empresa, desde que seja respeitada a Lei do Coronavírus.
Porém, o retorno pode trazer impactos psicológicos aos profissionais. Isto porque após um grande período de isolamento é comum que a retomada das atividades provoque o medo de estar fora de um ambiente seguro. Este estresse adaptativo é chamado de Síndrome da Cabana. Ele difere da Síndrome do Pânico, por ser exatamente o oposto, afinal nela a pessoa só sente segura quando isolada, e a Síndrome da Cabana ocorre quando a angústia surge devido ao isolamento.
De acordo com a psicóloga Natalia Bresolin, este é um processo natural. “No momento da retomada pode surgir o sentimento de medo, insegurança porque a vacina ainda não chegou. Também estamos nos adaptando a uma série de protocolos de saúde, desde passar álcool até utilizar a máscara e estar cuidando com o que se toca, a ventilação, ações muito atípicas da nossa forma de nos relacionarmos pode trazer ansiedade”.
O importante segundo a Dra. Natália é compreender que este é o aqui e o agora, é a realidade que temos. “Ao mesmo tempo que é angustiante é algo que precisamos atravessar. O sentimento de medo e ansiedade, dizem respeito a nossa capacidade de enfrentar a ameaça que ainda está evidente e além disto tomar os cuidados que são necessários para nos proteger e evitar a disseminação da doença”.
Para que estes sentimentos sejam superados é importante que cada um mobilize os recursos criativos para pensar em maneiras que tornem possível realizar as tarefas diárias e se colocar em relação com o outro sem se expor ao risco. “Pense em maneiras diferentes de demonstração de afeto, avalie como está acessando sua rede de apoio, avalie seus sentimentos, converse com pessoas próximas sobre ele”, orienta a psicóloga.
Mas acima de tudo é importante ficar atento se atividades simples não estão se tornando complicadas demais. “Fique atento se este medo ou ansiedade não está tomando um espaço muito grande, gerando crises de ansiedade, de paralisia frente a situações que precisam ser enfrentadas, neste caso é importante a busca de uma ajuda profissional”, destaca a Dra. Natalia.
Para a autoavaliação, os especialistas citam alguns dos sintomas da Síndrome da Cabana. Para se avaliar, logicamente, é fundamental reconhecer o que se está sentindo e o quanto tais sentimentos estão afetando a sua vida para, então, procurar o apoio de um profissional. Conheça alguns dos sintomas:
- sentimento de angústia;
- perda ou ganho de apetite;
- inquietação;
- falta de motivação;
- irritabilidade;
- dificuldade de concentração;
- dificuldade para dormir ou excesso de sono;
- desconfiança das pessoas;
- tristeza persistente;
- taquicardia;
- sudorese;
- tontura;
- falta de ar.