Profissionais acreditam que ser local é a chave para o crescimento de rádios em mercados médios e pequenos. Brasil também conta com seu “Deserto de Notícias”
Nos últimos anos o rádio dos Estados Unidos passou por transformações importantes, estas impactadas pelos avanços de grandes grupos que buscam o maior número de rádios locais para gerar escala no mercado. De certa maneira, isso funcionou bem, pois o veículo conta atualmente com 93% da população local gerando audiência semanalmente. Porém também foram percebidos “desertos de notícias” e de conteúdos locais em mercados maiores. Novos grupos de comunicação, que tem radialistas como gestores, enxergam uma oportunidade nesse quadro, apostando no caráter local que o rádio possui como veiculo.
O portal norte-americano Radio World destacou as empreitadas de dois radiodifusores que contaram com passagens por importantes rádios e hoje estão na gestão de seus próprios grupos de comunicação. Tom Langmyer, CEO e fundador da Great Lakes Media Corp, viaja pelo país em busca do que ele chama de “desertos de notícias em lugares de tamanho decente com vantagens reais, fora das sombras das grandes cidades, que podem ser mal servidos pela mídia local – seja rádio, TV. , um jornal e / ou uma tomada digital pura”.
Langmyer aposta na necessidade de conteúdo local aliado à tecnologia, para ajudar a criar um “ecossistema de mídia local” e contratar pessoas criativas que possam usá-lo de maneira inteligente para gerar conteúdo local mais forte. Ele planeja construir “uma experiência total de mídia local, não apenas ‘estações de rádio’ ou ‘websites’ – mas uma robusta experiência local multiplataforma, oferecendo cobertura de notícias locais credíveis e entretenimento local através de áudio, vídeo, histórias locais, imagens e combinando isso com verdadeira liderança comunitária”, diz o empresário.
John Beck, sócio da Stone Creek Media, nome com larga experiencia profissional em várias rádios dos Estados Unidos, também está nessa empreitada de promover o conteúdo local no rádio. E destaca que “Infelizmente, os estúdios vazios são a regra e não a exceção. Isso é o oposto do que o rádio deve fazer para sobreviver. Ser local é a nossa vantagem sobre todos os novos serviços de áudio. Temos que estar lá, ter personalidades que saiam, conhecer pessoas e se tornarem membros valorizados da comunidade”, acredita o gestor.
No Brasil
Em julho do ano passado, um levantamento realizado pela Folha de S.Paulo chamado Atlas da Notícia mostrou que esse “deserto de noticias e conteúdo local” é algo que também acontece no Brasil e em larga escala. O jornal destacou que 50 milhões vivem em regiões sem Rádio e TV, ou seja, 25% da população brasileira.
Segundo a Folha, parte dessa população é coberta com retransmissoras do conteúdo de rede nacional ou regional.
Para Angela Pimenta, presidente do Projor (Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo, responsável pelo estudo), “quanto menor a cidade, maior a tendência de que não haja jornalismo, e é claro que isso é preocupante”. Sérgio Spagnuolo, editor da Volt, chama a atenção para o impacto concreto: “Quem está cobrindo a vida cívica local? E o buraco na rua?”.
A geração de conteúdo local vinda de um veículo de comunicação como o rádio, seja para entretenimento ou para jornalismo, auxilia na diminuição de notícias falsas (as famosas fake news) que podem ser disseminadas via redes sociais, já que ainda não há uma preocupação necessária com a veracidade da suposta informação enviada (ou repassada), ou a fonte de origem. É sempre importante mais de um canal (ou formato) de informação para servir a população.
Fonte: tudoradio.com, com informações do Radio World e da Folha de S.Paulo