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Dia das Lutas no Campo: MST doa 36 toneladas de alimentos por causa da pandemia

Por Jornalismo. Publicado em 16/04/2020 às 20:01.

Hoje é o Dia Internacional de Luta dos Trabalhadores do Campo. Uma data histórica, marcada por um conflito, mas também de partilha e respeito. Neste ano por conta da pandemia do coronavírus, as atividades que lembram a data serão diferentes. Confira na reportagem de Amanda Yargas.

Foto: Lia Biachini

“A terra está ali, diante dos olhos e dos braços, uma imensa metade de um país imenso, mas aquela gente (quantas pessoas ao todo? 15 milhões? mais ainda?) não pode lá entrar para trabalhar, para viver com a dignidade simples que só o trabalho pode conferir, porque os voracíssimos descendentes daqueles homens que primeiro haviam dito: “Esta terra é minha”, e encontraram semelhantes seus bastante ingênuos para acreditar que era suficiente tê-lo dito, esses rodearam a terra de leis que os protegem, de polícias que os guardam, de governos que os representam e defendem, de pistoleiros pagos para matar.”

Este trecho foi escrito por José Saramago e é parte da introdução do livro Terra que traz as fotografias de Sebastião Salgado que retratam a vida de trabalhadores rurais sem terra e outros grupos excluídos socialmente. O livro foi publicado um ano depois do massacre de Eldorado dos Carajás quando 19 sem-terra foram assassinados por tropas da polícia Militar do Estado do Pará. O massacre aconteceu no dia 17 de abril de 1996 e a data marca o dia internacional de luta dos trabalhadores do campo. No Brasil, é também o dia de luta pela Reforma Agrária e os paranaenses tem ainda mais um fato marcante acontecido neste dia: a maior ocupação de terras já ocorrida no país, como conta o integrante da coordenação nacional do Movimento Sem Terra pelo Paraná, Roberto Baggio.

 

Segundo o coordenador, a data é sempre marcada por manifestações e luta, mas pelo contexto da pandemia, as atividades programadas para este ano são um pouco diferentes, com a doação de mais de 36 toneladas de alimentos em todo Paraná.

 

As lutas no campo tem passado por mudanças nos últimos anos, e questões tradicionais, como a reforma agrária ganham novos contornos, como a agroecologia.

 

Hoje o MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina, com cerca de 15 mil toneladas na colheita deste ano, mostrando que é possível aliar a produção com o respeito à terra. De acordo com o coordenador, a outra grande luta dos trabalhadores do campo é por políticas públicas que os contemplem

 

 

Repórter Amanda Yargas