Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

Número de pessoas abaixo da linha da pobreza dobrou no Paraná

Por Jornalismo. Publicado em 25/03/2020 às 10:42.

Em apenas cinco anos, dobrou o número de pessoas abaixo da linha da pobreza no Paraná. E estas pessoas, vivendo com menos de 145 reais por mês, não tem condições de sair desta situação sozinhas. Presas na chamada armadilha da pobreza, elas dependem de políticas públicas, que estão cada vez mais fragilizadas, e do apoio do terceiro setor. Confira na reportagem de Amanda Yargas.

 

Foto: Agência Brasil

 

 

 

No decorrer dos anos 2000 e até 2014, políticas públicas tinham contribuído para um cenário mais ameno das taxas de pobreza no país, segundo a professora de Economia e Desenvolvimento Econômico da Universidade Federal do Paraná, Kenia Barreiro de Souza. Nesta época, a economista conta que programas como o Bolsa Família se mostraram eficientes no combate a pobreza e o Brasil era visto como um caso de sucesso. Depois de 2015, no entanto, com o início da recessão econômica, houve um aumento expressivo no número de desempregados. Ela explicou que isso levou os índices de pobreza a retornarem para os mesmos níveis dos anos 90, mas com um agravante: os limites de gastos do governo impediram a expansão dos programas sociais, e essa nova população que entrava na pobreza ficou sem assistência destes programas. Nos últimos 4 anos, a quantidade de pessoas vivendo na rua em São Paulo, a maior cidade do país, aumentou 60%.

No Paraná, o IBGE indicou que em cinco anos, de 2013 a 2018, dobrou o número de pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza. A professora Kenia Barreiro de Souza traça um panorama sobre a gravidade da situação.
Ao mesmo tempo, os grandes bancos tiveram lucro de 86,4 bilhões em 2019, o maior da história.  A economista faz um paralelo entre os dois dados.

Em momento de políticas públicas fragilizadas, a população em situação de risco financeiro e social acaba contando com entidades do terceiro setor. Uma das Ongs que atua em áreas de pobreza no Brasil é o TETO. A instituição arrecada fundos para construção de moradias de emergência para pessoas em áreas pobres. Cada casa pré moldada é construída em dois dias por uma equipe de 10 voluntários em conjunto com a família que vai morar nela. Além da troca de experiências entre voluntários e moradores, da mudança da realidade das famílias, a ONG também tenta mudar a realidade da comunidade, construindo hortas, parquinhos, pontes, bibliotecas e promovendo encontros entre lideranças comunitárias de diferentes locais, como explica Ana Bivar, gestora da sede do TETo no Paraná.

De Curitiba, repórter Amanda Yargas