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Bate-boca: Deputados estaduais discutem sobre ditadura militar e tortura

Por Jornalismo. Publicado em 26/04/2022 às 16:46.

Ditadura militar e tortura foram tópicos de polêmica na Assembleia Legislativa do Paraná, que terminou com deputados contidos para não se agredirem fisicamente.

por Amanda Yargas

A ditadura militar foi tema de um bate-boca na Assembleia Legislativa do Paraná. Primeiro, o deputado Ricardo Arruda (União) disse que o regime militar brasileiro não foi uma ditadura, o que teria sido inventado pela esquerda, e que as pessoas que foram torturadas mereciam este tratamento.

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Arruda disse ainda que, durante o período, não havia roubalheira e bandidagem e que o governo foi muito bom. Depois, o deputado Tadeu Veneri (PT) defendeu os militantes que atuaram contra o regime, acusando o deputado Arruda de “acomodado”. Ele lembrou que houve inclusive deputados da própria Assembleia paranaense cassados pelo regime e reforçou que as práticas de tortura eram desumanas, vitimaram até mesmo crianças e provocaram centenas de mortes. 

SONORA

Depois de Tadeu deixar a tribuna, os dois parlamentares continuaram a discussão fora dos microfones e precisaram ser contidos por outros deputados. 

Segundo o professor de história da UFPR Clovis Gruner, a própria forma de instituição do regime, com um golpe de estado, já indica a característica ditatorial do período. De acordo com o professor, o golpe foi levado a cabo pelos militares, mas com apoio de setores civis, entre eles empresários, parte do parlamento, da classe média e inclusive, com o respaldo do Supremo Tribunal Federal. Por isso, a historiografia mais recente têm se referido ao período como Ditadura Civil-Militar. Além disso, o professor adiciona que há vários pontos do regime militar brasileiro que o identificam como uma ditadura.

SONORA

A ditadura militar no Brasil durou 21 anos. De acordo com o livro Direito à Memória e à Verdade, publicado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, 475 militantes morreram sob tortura ou tiveram suas mortes simuladas como suicídios e atropelamentos, ou tiveram suas prisões não assumidas e seus restos mortais desaparecidos. Pelo menos outras 20mil pessoas foram torturadas pelo regime.