Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

Governo do Paraná pede desculpas à Beatriz Abagge por torturas durante investigação do caso Evandro

Por Jornalismo. Publicado em 17/01/2022 às 12:44.

O secretário Ney Leprevost mandou uma carta à Beatriz Abagge pedindo perdão pela condução da equipe de investigação no caso Evandro. Irregularidades apontam que ela teria confessado o crime sob tortura.

por Amanda Yargas

O governo do Paraná pediu perdão à Beatriz Abagge por torturas sofridas durante a investigação que levou à condenação dela pela morte do menino Evandro. Para o secretário da Justiça, Família e Trabalho, Ney Leprevost, que assina a carta de desculpas, não há dúvida de que ela e outros suspeitos do caso sofreram torturas gravíssimas. Na carta ele diz ter formado  convicção pessoal neste sentido depois de assistir uma série documental, de ouvir relatos espontâneos e de ler um relatório feito por um grupo de trabalho organizado na secretaria, que ele salienta ter funcionado de forma independente e multidisciplinar. 

A carta ainda diz que o pedido de desculpas é simbolicamente estendido a toda e qualquer pessoa que tenha sofrido tortura estatal no território paranaense. O secretário diz ainda que vai enviar um pedido de perdão aos pais dos meninos desaparecidos porque o grupo que foi designado pelo estado para desvendar os crimes não só conseguiu cumprir a sua meta como também gerou uma série de danos. 

Em nota, o Ministério Público informou que no relatório não foram identificadas provas de atitudes irregulares cometidas por integrantes da própria instituição. A nota diz ainda que o pedido de revisão já corre na Justiça e que esse é o ambiente correto para esta análise. 

No final do ano passado, a defesa de Beatriz Abagge, Davi dos Santos Soares e Osvaldo Marcineiro solicitou a revisão criminal das condenações dos 3 pela morte da criança. Evandro Ramos Caetano foi morto em Guaratuba em 1992, com 6 anos. O corpo do menino foi encontrado dias depois com amputações e sem os órgãos internos, supostamente vítima de um ritual macabro.

Em 2020, o Podcast Humanos, que contou a história do caso, revelou gravações das confissões sem as edições apresentadas em julgamento. Segundo a defesa, estes trechos comprovam que houve coação para que as confissões ocorressem, inclusive com orientações sobre como os réus deveriam confessar o crime.