Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná

11.04 – Cadeias e delegacias da região de Londrina têm recorde de superlotação

Por Toni Casagrande. Publicado em 11/04/2017 às 12:43. Atualizado em 18/07/2018 às 18:02.

Todas as 174 cadeias e carceragens de delegacias do Paraná estão superlotadas. Mas é na região de Londrina que a superlotação é mais grave. São 2.398 detentos, para apenas 1.186 vagas – um excesso de 1.212 presos. O segundo maior déficit de vagas (717) está na região de Cascavel: 1.034 presos para 317 vagas.

O cenário de superlotação em cadeias e delegacias, que só deveriam receber presos temporários, é o problema mais grave comprovado pelo Relatório de Análise Preliminar do Sistema Penitenciário, elaborado pelo Tribunal de Contas do Estado.

O estudo apontou que um terço dos 28.974 presos do Paraná está em delegacias e cadeias, sob custódia da Polícia Civil, numa situação que não se repete nos demais estados brasileiros. Além da superlotadas, essas estruturas não possuem condições adequadas para abrigar tanta gente e não oferecem qualquer atividade, de trabalho ou estudo, para promover a ressocialização dos detentos.

Outro problema gerado por essa situação é que os servidores da Polícia Civil – delegados, investigadores e escrivães – são obrigados a deixar em segundo plano sua função de investigar crimes e conduzir inquéritos policiais, para se ocupar da custódia e remoção de presos de delegacias e cadeias superlotadas.

Ao apresentar o estudo, o presidente do TCE-PR anunciou três medidas imediatas para enfrentar o problema do sistema carcerário.  A primeira é uma auditoria integrada, já incluída no Plano Anual de Fiscalização de 2017 da corte. O trabalho vai integrar auditoria nacional no sistema prisional, coordenada pelo Tribunal de Contas da União. A segunda medida é a elaboração, em caráter de urgência, de um plano estratégico para o sistema carcerário do Paraná, incluindo Governo do Estado, Tribunal de Justiça, Ministério Público e Defensoria Pública. A terceira medida imediata recomendada pelo TCE-PR é que o governo estadual redirecione recursos do empréstimo de US$ 112 milhões, concedido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para a construção de penitenciárias.

 

Repórter Omar Nasser, do Tribunal de Contas do Paraná