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Elites estatais e políticas aceleraram industrialização no Brasil, mostra pesquisa de cientista político da UFPR

Por Jornalismo. Publicado em 06/12/2021 às 14:38.

Como a política se relaciona à industrialização do Brasil e da Argentina? O professor Renato Perissinotto, do Departamento de Ciência Política da UFPR, responde essa questão a partir de pesquisa publicada em livro, lançado este mês na Argentina. O estudo mostra que o futuro de um país depende das ideias e dos discursos políticos de seus governantes. Mais detalhes você confere a seguir na reportagem de Isabela Stanga.

por Isabela Stanga sob supervisão de Chirlei Kohls
parceria Rede AERP de Notícias e Agência Escola UFPR

“Ideias, burocracia e industrialização na Argentina e no Brasil” é o título do livro que resultou em dez anos de pesquisa de Renato Perissinotto, que atua no Departamento de Ciência Política da UFPR desde 1992. Comparando Brasil e Argentina, o professor busca compreender por que o Brasil passou por um processo mais profundo de industrialização do que a Argentina, mesmo que esta fosse mais rica e desenvolvida antes dos anos 1930, quando começa o recorte temporal analisado no livro. De acordo com Renato, isso se deve a uma elite desenvolvimentista no Brasil, preocupada com a industrialização do país, o que não esteve presente na Argentina.

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Em sua pesquisa, o professor concluiu que, a partir dos objetivos dessa elite foram construídas instituições controladas pelo Estado, como o Banco do Brasil, a Petrobrás e a Eletrobrás, que permitiram que o Brasil evoluísse na industrialização. Esses órgãos, como Renato explica, foram fundamentais para capacitar profissionais no país.

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Wellington Nunes fez mestrado, doutorado e pós-doutorado no Departamento de Ciência Política da UFPR, tendo Renato como professor. Hoje, os dois possuem uma grande parceria profissional e pessoal, tanto que dividem a autoria do último capítulo do livro recém-lançado. Os pesquisadores comparam nove países, dentre países com grande industrialização, com nível considerado “intermediário” e países que não se industrializaram, usando o método de análise comparativa. Desse modo, eles comprovaram que a hipótese de Renato, sobre as elites e as instituições, realmente se aplica.
Como explica Wellington, isso quer dizer que o futuro de um país depende das ideias e dos discursos políticos de seus governantes.

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Seja Argentina, Brasil, Japão ou Filipinas, os professores alertam: a política está nos mais diversos campos da vida social. Ou seja, ela influencia não só os governantes, mas todos nós.